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A palavra “golpe”


Publicado em 27 de novembro de 2024
Por Jornal Do Dia Se


Apesar de eleito pelo voto popular, Bolsonaro sempre manifestou um notável pendor autoritário

Segundo o ex-presidente Jair Bolsonaro, a palavra “golpe” não consta em seu dicionário – o corolário de grosserias, ameaças e despautérios adotado ao longo de toda a sua vida pública. O argumento apresentado para contestar as provas reunidas pela Polícia Federal, no entanto, apela para a memória pouca do brasileiro médio, abusam da boa vontade. Em verdade, Bolsonaro não pensava em outra coisa.

O governo Jair Bolsonaro trabalhou, desde o primeiro dia, para desacreditar o Poder Judiciário brasileiro. Apesar de eleito pelo voto popular, Bolsonaro sempre manifestou um notável pendor autoritário. Assim, qualquer pessoa ou instituição que se opunha ao absolutismo de suas pretensões virava alvo, um inimigo a ser eliminado.

Não é por força do acaso que todas as manifestações de rua realizadas em apoio ao ex-presidente resvalam em golpismo. A pregação de Bolsonaro contra os tribunais superiores, os únicos capazes de se opor a seus crimes e desvarios, ecoa ainda hoje sob a forma de ameaças abertas a ministros do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral. Insuflado pelo então presidente, o clamor por um golpe de estado foi articulado com todas as letras.

O golpe frustrado no dia 08 de janeiro, há dois anos, quando uma horda bolsonarista invadiu e depredou as sedes dos três poderes, em Brasília, não será esquecido, não permanecerá impune. Indiciado, às vésperas de responder formalmente pelos seus crimes, Bolsonaro ensaia agora um outro discurso, enverga a pose de um cidadão indefeso, perseguido por homens muito poderosos. A lorota pode até colar junto a seus seguidores mais tresloucados. Mas não bastará para o livrar da cadeia. Bolsonaro não é imune aos rigores da Lei.

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