Aos políticos traidores
Publicado em 20 de abril de 2022
Por Jornal Do Dia Se
Cleiber Vieira
A vocês, traidores, meu repúdio! O traidor é sempre detestado e faz crescer o ódio à sua figura esquálida. O nome e a figura do traidor emporcalham-se, notadamente, quando ele trai a própria nação. O traidor traz em si um sinistro perfil: o perfil do criminoso. O traidor não limita seus atos. Sobre a traição, assim se manifesta Marco Túlio Cícero, político, escritor, orador e filósofo da Roma Antiga: “Uma nação pode sobreviver aos idiotas e até aos gananciosos. Mas não pode sobreviver à traição gerada dentro de si mesma. Um inimigo exterior não é tão perigoso, porque é conhecido e carrega suas bandeiras abertas. Mas o traidor se move livremente dentro do governo, seus melíflus sussurros são ouvidos entre todos e ecoam no próprio vestíbulo do Estado. E esse traidor não parece ser um traidor; ele fala com familiaridade a suas vítimas, usa sua face e suas roupas e apela aos sentimentos que se alojam no coração de todas as pessoas. Ele arruina as raízes da sociedade; ele trabalha em segredo e se oculta na noite para demolir as fundações da nação; ele infecta o corpo político a tal ponto que este sucumbe. Deve-se temê-lo mais que a um assassino.”
O político não pode ser considerado apenas desleal ou apóstata, é uma espécie de Iscariotes; abandona seus pares à própria sorte. Os olhos do traidor não nos olha de frente e, quando o fazem ou tentam, dançam na caixa ocular e orbitam para os lados, para baixo e para cima. Há em seu olhar uma constante sinuosidade difusa. Há nele apenas um senso oportunista, mesmo quando caminha a passos lentos como quem faz uma reflexão positiva, mas sem destino certo. É a lama que o segue. O traidor não se apega a nada, nem a pai e mãe, nem a irmão, nem a quem luta do seu lado, nem a partidos políticos, nem à nação ou ao chão onde nascera. Mostra-se todo cólera. Aliás, a propósito, a Bíblia nos ensina em Provérbios 6-16 a 19 que “Seis são as coisas que ao Senhor aborrecem, e a sua alma detesta: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que maquina malvadíssimos projetos, pés prontos para correr ao mal, testemunho falso que profere mentiras e o que semeia discórdia entre seus irmãos.”
O político está em todos os lugares, por todos os lados, mas principalmente no mundo político. A mentira é seu elemento. Nos mentirosos, está a origem de todos os crimes que assolam a Terra, dizia Plutarco: advogado, historiador e filósofo grego. Todos os que mentem deslustram-se e destroem-se por fazer da mentira seu alimento emocional. Em que pensa o traidor, a não ser na semeadura do mal, da perfídia, da corrupção. Nele, é impossível o exercício da virtude.
Cleiber Vieira, presidente da Associação Sergipana de Imprensa.