Os hospitais públicos de Aracaju, como o Huse, atendem pacientes de todos os Estados do Nordeste
Aracaju tem dois milhões de pessoas cadastradas no SUS
Publicado em 28 de abril de 2013
Por Jornal Do Dia
Milton Alves Júnior
miltonalvesjunior@jornaldodiase.com.br
Com uma emissão superior a dois milhões de cartões do Sistema Único de Saúde (SUS), por parte da Prefeitura de Aracaju, a capital sergipana se tornou um dos destinos preferidos por sergipanos que desejam realizar exames médicos ou dar início a tratamentos. Ao todo, além das unidades hospitalares, são exatas 43 Unidades de Saúde da Família (USF) que diariamente atendem a pacientes de outros estados, a exemplo da Bahia, Alagoas e Pernambuco. Considerado um dos problemas mais agravantes do Brasil, a saúde pública em Sergipe também passa por altos e baixos e a resposta para esse caos seria a superlotação nos serviços de pronto atendimento.
Avaliando o caos como uma desordem pública e falta de administrações de qualidade, o médico Josué Mecêdo da Fonseca, com mestrado na área de saúde estatal, disse que a perspectiva de futuro continua não sendo das melhores nos próximos dez anos para o país. Segundo o especialista, bons profissionais atuam na gerência de postos de saúde e hospitais, mas a corrupção ativa de terceiros contribui diretamente para que o problema se torne difícil de ser solucionado com êxito. A falta de insumos, novas unidades e baixa quantidade de profissionais contribuem com o descaso.
"A quantidade de cartões nos assusta. Emitidos mais de dois milhões em uma cidade com pouco mais de 580 mil habitantes é de se estranhar, mas como bem exige a constituição, não se deve negar assistência médica para nenhum cidadão. O problema é que faltam remédios, mais unidades de atendimento e médicos para atender a todos", disse.
Outro aspecto que pode influenciar para a superlotação dos hospitais públicos foi a aprovação da portaria nº 763, de 20 de julho de 2011, quando a Agência Nacional da Saúde determinou o uso do cartão SUS para todos os cidadãos, inclusive aqueles que possuem algum plano particular de saúde.
Questionado sobre esta portaria, Macêdo alegou não ser a ‘raiz’ do retrocesso assistencial. "Nossa população aumentou na última década, e com ela o número de pacientes. Com essa determinação federal, mesmo os planos particulares repassando financeiramente o valor do atendimento, necessita-se de imediato a construção de novas USF e uma atuação mais rígida de órgãos de fiscalização para tentar coibir os desvios", pontuou.
Município – No início desse ano, na tentativa de agilizar o serviço de atendimento, a Secretaria Municipal de Saúde implantou o E-SUS, um banco de dados que visa unificar todas as informações dos pacientes e que substitui o antigo Sistema de Informação a Atenção Básica.
Para Goretti Reis, secretária municipal de Saúde, o novo sistema deve facilitar a comunicação com toda a rede, pois até o último mês de fevereiro o sistema era individualizado. A agilidade no serviço pode contribuir para um ‘descongestionamento’ nas filas de espera. "Muitas vezes você tem o subregistro, sem dado real, e você não tem dado fidedigno.", afirmou.
Já para a diretora de atenção básica da SMS, Leane Carvalho Machado, esse novo sistema pode terminar com os problemas do cartão SUS. "Existem usuários com mais de um cartão e que temos moradores de outros municípios que não são residem em Aracaju. Estamos trabalhando para regularizar esse cadastro e qualificar o nosso atendimento".
Mostrando preocupação, a promotora de justiça Euza Missano disse que apesar da crise da saúde ser registrada em todo o país, os administradores sergipanos devem se conscientizar na tentativa de fornecer uma assistência mais qualificada para os sergipanos. "No sistema SUS, nós temos que fortalecer cada vez mais a base, ou seja, as unidades básicas de saúde, a assistência primária, que é aquela atenção que deve ser dada ao usuário do sistema antes que ele adoeça. Sergipe não é diferente do resto do país. No final do ano de 2012, nós tivemos uma situação de piora considerável", disse.
De acordo com a assessoria de comunicação do Ministério Público Estadual, em menos de um ano o órgão já ajuizou mais de cinco ações civis públicas em decorrência de problemas no SUS de Sergipe. Todas as semanas, o MPE, através da Promotoria de Direitos à Saúde, realiza audiências públicas com o objetivo de resolver impasses administrativos sem chegar ao ponto de buscar o recurso da ACP. Apesar das constantes reuniões, outras ações podem ser ajuizadas contra os governos estadual e municipal nos próximos 60 dias úteis.