“Respeitem a minha história, por favor” (Divulgação)
**PUBLICIDADE
Arapuca armada na Bibok
Publicado em 11 de fevereiro de 2025
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
.
A arapuca armada pelo identitarismo arrancou um pedaço do artista/performer/curador John Eldon. À frente da Galeria Bibok, em São Cristóvão, ele teve a sua reputação enxovalhada por acusações de machismo.
John já foi aqui apresentado, em oportunidade anterior, com toda a carga de lirismo inspirada pela sua ainda breve, porém incisiva, atuação artística na aldeia (ver nesta página). O espaço mantido no umbigo da cidade histórica, por sua vez, fala por si mesmo, dada a natureza dos projetos abrigados entre as suas quatro paredes. Sobre o episódio que teria provocado a dissolução do coletivo que encarnava a Galeria Bibok, ao contrário, sobram insinuações, não ditos.
A Bibok, convém situar o leitor, era gerida a seis mãos pelos artistas John Eldon, Bruxxa e Juliana Vila Nova, mais conhecida como Buga. Trata-se de um projeto de impacto notável no apagado cenário das artes visuais Serigy. Infelizmente, o ruído reverberando nos ouvidos ociosos da acanhada cena local tem o potencial de abreviar a sua vida útil, abortando os seus frutos.
Bruxxa foi a primeira a se pronunciar, sempre via redes sociais. Acusa John de autoritário, oportunista, machista. Ato contínuo, Buga fez coro de maneira um pouco menos vaga e se disse profissionalmente “usada” pelo mantenedor da Bibok. Somente após muito barulho, John resolveu abrir a boca. E o fez de maneira altiva: “Respeitem a minha história, por favor”.
O relato de John Eldon é caudaloso, porém elucidativo. Ao contrário das artistas aqui citadas, ele foi o único a atender o pedido de esclarecimento realizado por este jornalista.
Infelizmente, para responder a uma questão fundamental e dizer o que ocorreu, ele precisou escrever cinco laudas, superando as limitações físicas deste espaço. O leitor, portanto, terá de buscar as redes sociais, acessar a conta de John Eldon no Instagram e, assim, conhecer o relato que me foi enviado, a fim de tirar as suas próprias conclusões.
Eu, de minha parte, já tomei partido: não se trata de um embate ancorado em questões de gênero, como pareceu de início. Os três se desentenderam por algo francamente trivial. O arranca rabo na direção da Bibok foi motivado pelo confronto de egos inflados e, ainda mais triste, um cadinho de dim-dim.