Segunda, 17 De Fevereiro De 2025
       
**PUBLICIDADE
Publicidade

Assaltantes se articulam por todo Norte-Nordeste


Publicado em 02 de junho de 2013
Por Jornal Do Dia


As quadrilhas agem em todos os Estados do Norte e Nordeste

Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br

As quadrilhas que assaltam agências bancárias, caixas eletrônicos e carros-fortes estão se articulando e atraindo membros por vários estados do Norte e do Nordeste, criando um fenômeno chamado "cangaço moderno". Tais crimes ocorrem de forma violenta, com uso de fuzis e metralhadoras, explosões de caixas com dinamites e cidades inteiras cercadas por bandidos que não hesitam em fazer reféns e atirar no meio da rua. Para frear esta onda, as polícias de todo o país passaram a trabalhar integradas, compartilhando informações e investigando de forma conjunta.

Este caminho é mostrado pela polícia de Sergipe, que, nos últimos meses, investigou várias quadrilhas de assaltantes que agiram direta ou indiretamente no Estado, acompanhando os passos dos suspeitos em outros estados e alertando as polícias locais.
"A gente não pode imaginar hoje as polícias trabalhando de forma isolada, não permitindo que, às vezes, um estado vizinho tenha conhecimento de investigações que estão em curso dentro do estado por conta de um sigilo, uma proteção que talvez seja muito mais nocivo à sociedade do que o compartilhamento destas informações. O crime hoje não tem divisas, nem fronteiras. O que acontece hoje em Sergipe pode acontecer na Bahia, às vezes praticado pelo mesmo grupo criminoso", diz o delegado Gilberto Guimarães, diretor da Divisão de Inteligência e Planejamento Policial (Dipol), ligada à Polícia Civil sergipana.

Foi o que aconteceu na segunda-feira passada, quando policiais do Maranhão e do Pará prenderam 10 acusados de integrar dois grupos apontados como ramificações da quadrilha do potiguar Francimar Pereira Carneiro, o "Cimar Carneiro", responsável pelo assalto ocorrido em abril de 2005 contra a agência do Banco do Brasil em Lagarto (Centro-Sul). Neste assalto, um suplente de vereador e seu irmão, que passavam de moto pelo local, foram mortos a tiros. Seguiu-se o envolvimento de quase 500 policiais em uma grande caçada, que resultou na morte de "Cimar", em Itaporanga (Sul), na recuperação de mais de R$ 1 milhão de seriam roubados e na prisão de cinco suspeitos, os quais responderam a processo e acabaram soltos um tempo depois, por decisões da Justiça.

Segundo Gilberto, estes integrantes acabaram formando outras quadrilhas em outros estados, articulando outras pessoas ou aliando-se a outros grupos. "As quadrilhas que agem nessa modalidade criminosa não trabalham de forma isolada, têm uma ramificação muito grande, principalmente no Norte-Nordeste. Elas identificam locais potenciais de ação, e com base nisso, começam a angariar pessoas para agir conjuntamente com a quadrilha. Não existem hoje quadrilhas específicas que trabalham isoladamente, temos uma repartição de atribuições com pessoas que vão sendo cooptadas em função da sua especialização", explica Gilberto.

Para o delegado, a cooptação de outros criminosos é potencializada pelo avanço das formas de comunicações, sobretudo por internet e telefone celular. "Como a tecnologia evoluiu muito, e os meios de comunicação se tornaram muito mais ágeis e mais fáceis, a probabilidade de você agir no estado de Sergipe e cooptar pessoas de qualquer estado da federação é muito fácil hoje. A gente às vezes identifica uma ou duas pessoas que estão agindo aqui ou em outro local com pessoas totalmente diferentes, que nunca atuaram conjuntamente", revela Guimarães.

No caso do Pará e do Maranhão, cinco acusados são da cidade de Cabrobó (PE) – cidade apontada como base da quadrilha -, dois são de Tucuruí (PA), dois são de Timon (MA) e um é de Teresina (PI). Segundo as investigações, o grupo foi responsável pelo roubo contra a agência do Banco do Brasil em Matões (MA), no dia 12 de abril, onde professores que participavam de uma greve foram usados como escudos humanos pelos criminosos. Os policiais maranhenses chegaram a quatro suspeitos, incluindo o paraense Diolênio do Nascimento Gomes, 33 anos, apontado como líder da quadrilha.

De quebra, eles descobriram que os outros oito integrantes do bando estavam no Pará para roubar um carro-forte que transportava R$ 4 milhões entre a capital Belém e a cidade de Acará, no sudeste do estado. Alertada, a polícia paraense abortou o assalto e prendeu seis suspeitos. Os outros dois acabaram fugindo, em meio a um intenso tiroteio. "Essa mesma quadrilha, com pessoas diferentes se preparava para agir em vários locais ao mesmo tempo", resume Gilberto. Revelou-se ainda que algumas armas e as munições, dentre as várias apreendidas com o grupo nos dois estados, foram roubadas em outros assaltos ocorridos no Pará. Entre elas, um fuzil calibre 762, uma metralhadora Magal calibre 30 e outra de calibre 50, exclusiva das Forças Armadas e usada para derrubar aviões.

A troca de informações entre as três polícias permitiu algo inédito no país: o envio de policiais maranhenses da área de inteligência para trabalhar com a Dipol sergipana no levantamento e no cruzamento de dados sobre os criminosos. "Abrimos as portas da Dipol para que esses agentes trabalhassem conosco, porque eles conheciam a área, o terreno e alguns indivíduos que agiram naquele estado. Já obtivemos resultados bastantes positivos e com as investigações do nosso departamento vamos desarticular todas as ramificações dessa quadrilha que vem aterrorizando o Nordeste", destacou o diretor, pontuando que as investigações terão continuidade.

**PUBLICIDADE



Capa do dia
Capa do dia



**PUBLICIDADE


**PUBLICIDADE
Publicidade