Fachada do salão de beleza onde a sergipana Gleidiane Silva Fontes foi morta, em São Paulo
CABELEIREIRA SERGIPANA É MORTA EM SP
Publicado em 10 de outubro de 2012
Por Jornal Do Dia
Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br
O corpo da cabeleireira sergipana Gleidiane Silva Fontes, 23 anos, assassinada pelo próprio marido anteontem à tarde em São Paulo (SP), pode ser trazido para Aracaju ainda hoje. Ela morreu dentro do salão de beleza de sua propriedade, no Parque São Lucas, zona leste da capital paulista, após levar um tiro na cabeça. A família da vítima, que é de Itabaianinha (Sul), está enfrentando dificuldades para trasladar o corpo, pois tem poucas condições financeiras e enfrentou problemas com uma funerária. Até a noite de ontem, o cadáver de Gleidiane ainda estava no Instituto Médico-Legal (IML) de Guarulhos (SP).
O crime foi cometido pelo também cabeleireiro Marcos José Pereira Martins, 34, que era casado com a vítima há cerca de sete meses e não aceitava o fim do relacionamento, que estava em crise. Além da sergipana, ele também matou, com vários tiros, a cozinheira Ozana dos Santos Nascimento, 21, que trabalhava em um restaurante vizinho ao salão e era amiga dela. Depois do crime, ele fugiu a pé por 500 metros e foi preso por policiais militares que passavam de moto pelo bairro. Marcos, que é pernambucano, estava com uma pistola calibre 380 de numeração raspada e 10 munições.
Na delegacia, o assassino confessou o crime e alegou que fez isso porque julgava estar sendo traído por Gleidiane. Sobre a morte da amiga Ozana, Marcos tentou justificá-la dizendo que a mesma incentivara sua esposa a traí-lo. "Ela [Gleidiane] comentou com ele que o achava mais velho que ela. Acreditando que a amiga [Ozana] teria influenciado ela, dizendo isso pra ele, e dizendo que esse relacionamento não ia dar certo, ele foi e executou a amiga da Gleidiane", disse a delegada Elizabeth Sato, da Polícia Civil de São Paulo, que autuou o cabeleireiro em flagrante por duplo homicídio qualificado.
Pela TV – Os pais e as irmãs de "Gleidinha", como a cabeleireira era chamada, moram no bairro Conveniência, em Itabaianinha. Na tarde de segunda, eles comemoravam a vitória de um candidato a vereador da cidade e souberam da tragédia pela televisão, quando o programa "Brasil Urgente", da Rede Bandeirantes, mostrou imagens de um circuito interno de TV com o registro do exato momento em que Marcos atirou em Gleidiane, após descer de um carro preto. A notícia foi dada em apenas duas horas depois do crime.
A irmã da cabeleireira, Deiziane Silva Fontes, contou que estava fora de casa com a avó e não acreditou inicialmente na noticia. "Peguei a minha avó, fui pra casa, liguei a televisão e só acreditei quando o Datena [José Luiz Datena, apresentador do programa] falou o nome dela", contou ela, muito abalada com a perda da irmã. "Tá todo mundo triste, revoltado, eu só queria estar lá, ao lado dela. Era uma pessoa querida de todos, que sonhava em andar de avião, viajou pela primeira vez e agora vai voltar de novo, só que morta", lamentou Deiziane, comentando que a vítima estava juntando dinheiro para comprar um terreno e construir uma casa para a família em Itabaianinha.
Gleidiane morava há mais de dois anos em São Paulo e tinha uma filha pequena, mas de acordo com a família, estava se separando. Segundo a madrasta da sergipana, Solange Fontes, o marido Marcos era um homem possessivo e ciumento, que controlava excessivamente a vida da esposa e já teria lhe feito algumas ameaças. "Ela queria se separar e ligou para mim na sexta-feira passada dizendo que queria vir embora. Não falou diretamente, mas deu a entender que queria vir embora porque não estava mais agüentando ele", revela Solange, frisado que não aprovava o romance da filha. "Agora, nós queremos justiça, queremos que ele seja condenado, porque quando ele ficar solto, ele vai aprontar com as mulheres de novo", protesta.
A Prefeitura de Itabaianinha está acompanhando o caso e vai providenciar parte do custeio do traslado do corpo da sergipana. Esse traslado será feito de avião, em vôo entre Guarulhos e Aracaju, ainda não definido. Dois parentes dela estão em São Paulo para acompanhar o caso e agilizar a liberação do corpo junto ao IML paulista.