Centavo a centavo

A depender do Ministério Público de Contas, os R$ 4,5 bilhões prestes a entrar no caixa do governo de Sergipe, a fortuna gerada pela privatização da Deso, não ficarão a disposição do governador Fabio Mitidieri, para ele usar como bem entender. O Procurador Geral de Contas, Eduardo Santos Rollemberg Côrtes, quer saber o destino de cada cédula e moeda.

A proposta de uma resolução destinada a lançar um foco de luz sobre a aplicação destes recursos, centavo a centavo, vem a calhar, em sintonia com o princípio republicano da transparência. O volume extraordinário dos recursos, aliás, inspira mesmo todo o cuidado do mundo.

Convém lembrar: Por iniciativa de Mitidieri, a água na torneira dos sergipanos terá dono, já não será tratada como riqueza natural, um bem comum e de uso público ao longo dos próximos 35 anos. Nada mais justo, portanto, que o dinheiro gerado pela sua privatização seja revertido em alguma espécie de compensação para todos os sergipanos.

Vão-se os anéis, ficam os dedos. No seio do governo, o aporte de recursos derivados da privatização da Deso, mais a promessa de investimentos robustos por parte da empresa que adquiriu o espólio da sucateada companhia estatal, caracterizam um bom negócio, com a expectativa de alcançar a universalização do saneamento básico em Sergipe.

Para o MPC/SE, no entanto, isso tudo ainda é pouco. E há quatro bilhões de motivos para os órgãos de controle redobrarem a atenção.