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Corporativismo fardado
Publicado em 01 de julho de 2022
Por Jornal Do Dia Se
“Apesar da grande repercussão, o caso Genivaldo não foge à regra da violência policial”
O caso Genivaldo segue entalado na garganta dos sergipanos. Não apenas pela violência gratuita de policiais rodoviários flagrados em abuso de autoridade, do qual resultou a morte de um cidadão em pleno gozo de todos os seus direitos, com repercussão nacional. Mas, sobretudo, pelo comportamento hesitante das autoridades encarregadas de apurar o crime. Tudo indica, o corporativismo fardado prevalece mais uma vez.
O Ministério Público Federal em Sergipe (MPF/SE) divulgou ontem que o inquérito conduzido para apurar a morte de Genivaldo de Jesus Santos, durante operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF/SE), foi prorrogado por mais 30 dias. A solicitação para ampliar o prazo para a conclusão dos trabalhos partiu da PF.
A demora não foge à norma. Ao contrário de milhões de presos provisórios, mantidos sob a custódia do estado à revelia de qualquer flagrante ou condenação, policiais com as mãos sujas de sangue raramente são punidos. Convém lembrar que Genivaldo foi executado em frente às câmeras dos telefones celulares, em plena luz do dia. Ainda assim, a PRF/SE teve a ousadia de divulgar uma nota alegando que a causa da morte foi um “mal súbito”.
A polícia de Sergipe é a segunda mais letal do Brasil. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, “as elevadas taxas de mortalidade por ações policiais indicam que abusos e execuções continuam como prática de algumas instituições, misturando-se a casos de uso legítimo da força”. Como se vê, apesar da grande repercussão, o caso Genivaldo não foge à regra.