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Corrupção escancara o retrato de um Brasil refém de si mesmo


Publicado em 13 de fevereiro de 2025
Por Jornal Do Dia Se


* Gregório José

 

A corrupção no Brasil não é privilégio de um partido ou de um grupo político. Ela é institucionalizada. Sobrevive a governos, a trocas de gestão, a discursos inflamados contra ela mesma

 

Corrupção. Palavra curta, mas com um eco ensurdecedor. Ela ressoa nas entranhas da história do Brasil, como um fantasma que se recusa a ser exorcizado. E os números falam por si: em 2024, ocupamos a 107ª posição no Índice de Percepção da Corrupção da Transparência Internacional, nossa pior classificação desde que esse levantamento começou. Estamos lado a lado com Malauí, Nepal e Níger. Deixamos para trás Bulgária, Grécia e Romênia. E a pergunta que não cala: como foi que chegamos aqui?
O Brasil tem uma história de escândalos de corrupção que mais parece roteiro de novela. Mas, diferente da ficção, onde no fim os vilões geralmente são punidos, por aqui a realidade tem outro desfecho. O crime organizado, que antes operava nas sombras, agora anda de braços dados com o Estado, frequentando os corredores do poder sem qualquer constrangimento. O silêncio do governo federal sobre o combate à corrupção, a falta de transparência na gestão do orçamento, a interferência política na Petrobras, e a aprovação da chamada “PEC da Anistia” são apenas alguns sintomas de uma doença que está longe de ser curada.
A corrupção no Brasil não é privilégio de um partido ou de um grupo político. Ela é institucionalizada. Sobrevive a governos, a trocas de gestão, a discursos inflamados contra ela mesma. A velha prática do “rouba, mas faz” ainda encontra eco em setores da sociedade, uma espécie de resignação típica de quem já perdeu as esperanças.
Mas nem tudo está perdido. Houve avanços. O Supremo Tribunal Federal adotou medidas para dar mais transparência a emendas parlamentares. A Controladoria-Geral da União lançou um novo Plano de Integridade e Combate à Corrupção. Pequenos passos, é verdade. Mas, em um país onde a corrupção é endêmica, qualquer passo na direção contrária já é um suspiro de esperança.
Ainda assim, o Brasil precisa abrir os olhos. Estamos num beco cada vez mais estreito, e a corrupção não é só um problema moral, é uma questão de sobrevivência. Enquanto outros países investem em educação, ciência e tecnologia, por aqui, dinheiro que deveria ir para hospitais, escolas e infraestrutura escorre pelo ralo da improbidade.
A corrupção não pode ser combatida apenas por leis e instituições. Precisa ser enfrentada por cada um de nós. Pela indignação coletiva, pelo voto consciente, pelo compromisso com a ética em todas as esferas. Porque, se não fizermos isso, corremos o risco de, num futuro próximo, olharmos para trás e percebermos que o Brasil, aquele que sonhamos e queremos para nossos filhos, ficou pelo caminho, e cuidado com os lobos que se vestem de cordeiros.

 

* Gregório José, Jornalista/Radialista/Filósofo

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