Da série “o surrealismo continua”. A hostilização ao ministro
Publicado em 21 de julho de 2023
Por Jornal Do Dia Se
André Barroso
Injúria, agressão e desacato. O Ministro Alexandre de Moraes foi hostilizado, sempre pelo método da extrema direita, através da violência. Não é um fato isolado. O modus operandi, de agressões verbais, aos poucos está tomando vertentes de violência física. Tivemos os ataques à democracia e até ataques antes e após a eleição diversos quebra-quebras de apoiadores bolsonaristas. As imagens vão esclarecer toda a confusão, mas o que podemos falar sobre o crescimento do fascismo e da violência explícita?
Enquanto não são esclarecidos, a extrema direita tenta, através de narrativas de torcida, falando que quem começou a briga, foi o filho do ministro. casal Roberto Mantovani Filho e Andreia Munarão, o filho deles, Giovani Mantovani, e o genro Alex Zanatta Bignotto, são os agressores que já emitiram nota, adiantando sobre a exposição que estão tendo, dizendo que outras pessoas proferiram as ofensas e agressões. Em nenhum momento se fala que houve agressão por parte do filho do ministro para esse grupo.
Ao estimular a violência e a falta de paciência de uma forma generalizada, alavancar o uso de armas, o governo Bolsonaro utiliza táticas da extrema direita de forma coordenada aos grupos fascistas mundiais. O número de atos violentos da extrema-direita na Alemanha aumentou 3,8% em 2022, anunciou a ministra do Interior, Nancy Faeser. Em Charlottesville, nos Estados Unidos, ocorreu um protesto de supremacistas brancos contra a retirada de uma estátua do general confederado Robert E. Lee. Grupos de neofascistas e supremacistas brancos perdeu o controle no país.
No Brasil, no período da ditadura, os mesmos agentes ligados a “pátria, família e propriedade”, lutavam contra o inimigo invisível do comunismo, utilizando o que fosse para que seus ideais fossem mantidos durante o regime militar. Terroristas civis de direita temiam que com a abertura política, seriam punidos pelos crimes que praticaram na ditadura, embora não tivessem laços maiores ou espaços de poder dentro da ditadura. Mas também se expunham cada vez mais, colocando bilhetes assumindo autoria de atentados. Tinham pensamentos misturando elementos da Guerra Fria, a Doutrina de Segurança Nacional (DSN) e a doutrina de guerra revolucionária. Os terroristas de extrema direita criticavam “falsos” militares que estavam agindo contra os “valores cívicos” e os “interesses da nação”. O mesmo que temos nos dias de hoje, sob nova casca.
Norberto Bobbio fala que: A esquerda tenderia a atenuar as diferenças, já a direita, a acentuá-las. Para uma, as desigualdades sociais são resolvidas, enquanto, para a outra, não. A esquerda é inclusiva, e, a direita é exclusionista. A criminalização de professores que são taxados de doutrinadores leva a um dos alvos dessa extrema direita, que quer retomar o discurso sob sua ótica, como povos antigos faziam sob seus dominados. Hoje, a estatística nos mostram que pelo menos mais de treze ataques em escolas no Brasil desde 2011. Estamos realmente vivendo uma pandemia de ódio disseminado por grupos de extrema direita.
Os ataques estimulados de Bolsonaro contra as urnas, mostrando que o inimigo são os ministros do STF que não votam a favor do ex-presidente, provocam comentários nas redes sociais de extremistas com discursos rasos e apaixonados.
A linha que divide a ideologia e os atos violentos diluiu-se.
André Barroso, artista plástico da escola de Belas Artes da UFRJ com curso de pós-graduação em Educação e patrimônio cultural e artístico pela UNB. Trabalhou nos jornais O Fluminense, Diário da tarde (MG), Jornal do Sol (BA), O Dia, Jornal do Brasil, Extra e Diário Lance; além do semanário pasquim e colaboração com a Folha de São Paulo e Correio Braziliense