Diálogo ou reação?
Publicado em 24 de agosto de 2021
Por Jornal Do Dia
As tentações golpistas de Jair Bolsonaro cobri ram o Brasil com uma nuvem escura de inse gurança. A crise é grave, não tem paralelo na história recente, já produz reflexos indesejáveis na economia. Razão pela qual parte dos governadores se mostra disposta a encontrar uma saída para o impasse criado pelo pendor autoritário do presidente. Resta saber, no entanto, se ele está aberto ao diálogo. O comportamento adotado desde o primeiro dia no Palácio do Planalto sugere que não.
Não é a primeira vez que o diálogo é proposto, sob a condição de Bolsonaro respeitar os marcos fixados pela Constituição. Em todas as oportunidades anteriores, o presidente faltou com a própria palavra.
Para alguns, a exemplo do governador de São Paulo, João Dória, as ameaças do presidente exigem uma postura de franca oposição por parte dos governadores. Não se trata de retórica inflamada, apenas. Preocupado com a mobilização popular em torno de manifestações golpistas, Doria afastou o chefe do Comando de Policiamento do Interior-7 (CPI-7), Aleksander Lacerda. O coronel insuflou a participação de "amigos" nos protestos do Dia da Independência.
Como se vê, o episódio Pazuello, no qual um general a serviço de Bolsonaro subiu num palanque político e permaneceu impune, ainda reverbera. O golpe está em curso. O perigo de insubordinação, no entanto, não é privilégio do exército, como se pensou de início. Ameaça maior, resta claro, ecoa nos estados, nos quartéis da Polícia Militar espalhados pelos quatro cantos do Brasil. Espera-se, contudo, que a reação dos governadores não ocorra tarde demais.