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Em vão
Publicado em 25 de março de 2022
Por Jornal Do Dia Se
Ante as diversas denúncias relacionadas à atuação ilegal de grupos religiosos no primeiro escalão da República, convém esclarecer os desinformados: No papel, o Estado é laico. Contra todas as aparências, a eleição do presidente Jair Bolsonaro não suplantou a Constituição Federal.
O lema adotado durante a campanha, bem como o primeiro discurso realizado na condição de presidente eleito adiantaram a nociva confusão entre os domínios do campo público e privado durante a gestão Bolsonaro. A fé é uma questão de foro íntimo, a liberdade de culto é direito assegurado pela Carta Magna. Muito diferente é submeter recursos, iniciativas e decisões da administração federal à influência indevida de líderes evangélicos. Também no aspecto religioso, o Brasil é plural.
Apesar do esforço desprendido pelo Palácio do Planalto, a fim de naturalizar o escândalo, o lobby de líderes evangélicos junto ao Ministério da Educação é criminoso. Trata-se, sem meias palavras, de corrupção. A exigência de propina, uma condição para a liberação de recursos do Fundo Nacional de Educação, foi confirmada por diversos prefeitos. Fala-se até de pagamento em ouro.
O ministro da Educação confirma que recebeu os pastores citados na denúncia, mas nega ter dispensado a eles tratamento especial. A agenda oficial o desmente. Ainda que propina não houvesse, a presença constante de líderes religiosos em espaços da administração federal que nada têm a ver com a rotina e função social das igrejas levanta suspeitas as mais graves. Não é à toa que cresce entre os brasileiros, os crentes incluídos, uma justa indisposição com a ambição política de quem evoca o santo nome em vão.