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Estuprador escapa da fúria popular em Socorro


Publicado em 01 de agosto de 2012
Por Jornal Do Dia


Foi preciso a ação policial para evitar a invasão da delegacia

Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br

A revolta da população contra crimes de estupro que vêm acontecendo em Nossa Senhora do Socorro (Grande Aracaju) por pouco não causou um incidente mais sério: cerca de 50 manifestantes tentaram invadir a 5ª Delegacia Metropolitana, no Conjunto João Alves, durante a manhã de ontem. Eles queriam linchar o detento Cleverton Francisco da Cruz, o "Minhoca", 22 anos, que foi preso na mesma manhã sob a acusação de ter estuprado duas meninas, sendo uma de 10 e outra de nove anos, e espancar um garoto de seis anos. O acusado teve que ser transferido às pressas para uma unidade policial não revelada, protegido por um forte esquema de segurança.

Os estupros aconteceram na comunidade conhecida como "Invasão dos Canos", próxima à delegacia. As meninas tinham saído de casa à tarde para comprar pães, mas foram atacadas no meio do caminho por dois homens e só reapareceram à noite, bastante abaladas e tiveram algumas peças de roupa arrancadas pelos bandidos. Uma irmã mais velha das vítimas contou ontem aos jornalistas que conhece os dois criminosos e que, tanto ela quanto as crianças estavam sendo visadas por eles. "Eles diziam que iam passar pra casa do fundo e estavam de olho em mim, mas só não me pegaram porque eu ficava dentro de casa trancada. Então, quando minhas irmãs saíram pra brincar, eles desapareceram com elas", disse a irmã.

A jovem apontou Carlisson como um dos agressores e outro rapaz que está foragido. Ambos são usuários de drogas, usavam capuzes pretos e ameaçavam matá-las enquanto praticavam o estupro. O menino que estava com elas foi agredido com um chute e golpes de cansanção (uma planta que provoca ardências e queimaduras na pele). "Eles mandaram elas entrarem num táxi, amarraram a boca de uma delas e bateram a cabeça dela numa pedra", contou uma prima das vítimas. A outra menina conseguiu escapar da dupla e avisar do estupro a uma tia, que chamou a polícia.

Policiais civis e militares passaram a fazer buscas pelos dois suspeitos durante o resto da noite e a madrugada de ontem. Ao amanhecer, "Minhoca" foi encontrado em um matagal perto da invasão. Ao saberem que o acusado tinha sido levado à 5ª DM, parentes, amigos e vizinhos da família das vítimas correram para lá e iniciaram um tumulto, exigindo que Cleverton saísse de lá. Os mais exaltados chegaram a jogar pedras contra a delegacia. Alguns policiais saíram armados para tentar conter a revolta, mas precisaram chamar o reforço de soldados do 5º Batalhão de Polícia Militar (5º BPM) e da Companhia de Policiamento de Radiopatrulha (CPRp).

A entrada da delegacia ficou tomada e a situação permaneceu tensa até a retirada do preso, feita por agentes do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). "A gente veio dar um apoio ao pessoal da delegacia para retirar o acusado e conter a população. Ela está muito comovida com esse caso e veio aqui para tentar tirá-lo (Cleverton) da delegacia. Há risco de linchamento e de morte, e como ele está sob responsabilidade do Estado, não podemos permitir que isso aconteça", afirmou o diretor do Cope, Everton dos Santos.

As duas crianças prestaram depoimento a uma escrivã de polícia que também é psicóloga. Ambas confirmaram o estupro e reconheceram "Minhoca" como um dos autores. A tia das meninas também confirmou o que ouviu quando uma delas escapou do ataque. A mãe das vítimas, Tereza Conceição Silva, sofreu uma crise nervosa, desmaiou na delegacia e foi socorrida ao Hospital José Franco, em Socorro. O delegado Everton disse ainda que Cleverton é apontado como autor de até cinco estupros ocorridos em Socorro, além de uma tentativa de homicídio.

Os policiais que reforçaram a segurança na 5ª DM também reforçaram as buscas pelo segundo homem envolvido nos estupros e acabaram apreendendo um revólver calibre 32, encontrado com um homem que também procurava pelo suspeito. Aos policiais, o preso admitiu que queria matar os dois autores do estupro. De acordo com soldados da PM, o foragido foi visto com duas marcas de facadas nas costas, indicando que outras pessoas também tentaram matá-lo depois do estupro. Hospitais e pronto-socorros da região foram visitados pelas equipes, que não o encontraram até a noite de ontem.

As meninas violentadas foram atendidas na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL), considerada referência no atendimento às vítimas de crimes sexuais. A assessoria da unidade informou que elas passaram por exames, receberam medicação gratuita e foram liberadas. As crianças ainda passarão por um tratamento psicológico.

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