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Fim do silêncio
Publicado em 22 de julho de 2022
Por Jornal Do Dia Se
Entre os absurdos pronunciados por Jair Bolsonaro e o não dito pelas autoridades com a responsabilidade institucional de dar um basta a seus arroubos golpistas, a solidez da democracia brasileira é colocada à prova. Aqui e ali, notadamente no âmbito da sociedade civil organizada, alguma reação se esboça. Até o momento, no entanto, o procurador geral Augusto Aras e o presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira, fazem cara de paisagem.
Ontem, dias depois da pantomina golpista encenada para uma platéia de embaixadores estrangeiros, sob o teto do Palácio da Alvorada, Augusto Aras finalmente saiu em defesa do sistema eleitoral brasileiro e das urnas eletrônicas. O fez, entretanto, sem mencionar o presidente Bolsonaro. Na manifestação de Aras, o ataque é um crime sem autor,
Foram três dias de silêncio absoluto. A clausura do procurador só foi interrompida após uma provocação de seus próprios pares. Ontem, finalmente, Aras divulgou o vídeo de uma entrevista antiga dada a veículos internacionais na qual diz que não aceitará “alegações de fraude” nas eleições, mas evita fazer críticas ao presidente Bolsonaro. A conversa foi gravada no dia 11 de julho, uma semana antes de Bolsonaro mentir, acusar ministros e reciclar hipóteses já superadas sobre o processo eleitoral.
Os três dias de intervalo entre o vexame internacional protagonizado pelo presidente e a manifestação de Aras não surpreendem, sucedem três anos de crimes ignorados solenemente. Bolsonaro é reincidente. Mas segue impune, por força da omissão de Arthur Lira, a quem caberia acolher um entre os diversos pedidos de impeachment do presidente, e Augusto Aras.