Professor adverte que suspensão do uso de máscaras no estado é precipitada.
Governo quer suspender uso de máscaras; especialista é contra
Publicado em 09 de março de 2022
Por Jornal Do Dia Se
Milton Alves Júnior
“Nós seguimos com a linha de análise científica. Os Estados Unidos, assim como muitos países do continente europeu já cometeram esse erro, e logo em seguida se depararam com as consequências. Acho precipitada essa proposta de se extinguir o uso das máscaras contra a Covid-19, mas somos apenas um ser votante dentro do Comitê Técnico-Científico e de Atividades Especiais (CTCAE)”. No contexto geral, esse é o posicionamento apresentado no início da noite de ontem pelo professor Lysandro Borges, coordenador do comitê científico da UFS, ao JORNAL DO DIA. Apesar de ser contra a revogação do decreto que exige o uso das máscaras, o especialista reconhece que o cenário vivenciado nos 75 municípios sergipanos é de extrema contradição.
Foi o governador Belivaldo Chagas quem anunciou ontem de manhã, através de uma rede social, que vai propor ao comitê o fim da obrigatoriedade do uso das máscaras. A medida precisa ser aprovada pela Assembleia Legislativa.
Com base em pesquisas realizadas na região metropolitana de Aracaju, e nas demais 70 cidades, o professor universitário chama a atenção para a não utilização das máscaras, bem com o desrespeito para com as exigências deliberadas pelo governo do estado ainda no primeiro semestre de 2020. De acordo com Lysandro Borges, em Aracaju é possível se deparar com um maior número de pessoas utilizando o equipamento de proteção individual, porém, no interior, é possível destacar que mais de 60% da população opta por não utilizar as máscaras.
No dia 07 de agosto de 2020 foi sancionada pelo governador, e publicada no Diário Oficial de Sergipe, a Lei Estadual 8.723. Esta determinação, que prevê multa para quem descumprir a determinação do uso de máscaras durante a pandemia do novo coronavírus.
Carnaval – “Até agora o Comitê Técnico-Científico tem acertado em todas as decisões deliberadas. Volto a destacar: sou contra a retirada dessa exigência, mas também não podemos deixar de frisar que a impressão que passa é que está tudo normal. No estado, na grandiosa maioria das cidades que visitamos, o número de pessoas usando máscara é muito menor se comparado com as pessoas sem a proteção. Retirar essa obrigatoriedade vai apenas oficializar o que já está, lamentavelmente, visível em quase todos os cantos”, avaliou o Professor. Questionado pelo JD sobre o porquê da cautela, tão citada por ele, Lysandro completou citando o curto prazo entre o fim do recesso de carnaval, e a próxima reunião do CTCAE.
“Realmente essa perspectiva gera uma confusão na linha de raciocínio de muitas pessoas. Há menos de 20 dias o ponto facultativo do carnaval foi suspenso devido ao aumento de pessoas testando positivo para a doença; depois o ponto facultativo foi mantido, e, agora, menos de uma semana pós carnaval, se fala na proposta de suspender o uso. É cedo. Não deu tempo para analisar com cautela se esse período – mesmo sem festividade – contribuiu para proporcionar uma maior infecção do vírus”, pontuou.