Os motoristas do Samu continuam concentrados na base de Aracaju
Greve no Samu não tem previsão para acabar
Publicado em 21 de agosto de 2012
Por Jornal Do Dia
Cândida Oliveira
candidaoliveira@jornaldodiase.com.br
A greve dos condutores do Samu completa hoje, terça-feira, nove dias e segundo o presidente do Sindicato dos Condutores de Ambulâncias de Sergipe, Adilson Melo, não existe previsão de retorno às atividades.
Ontem, dia 20, a categoria se reuniu na base do Samu, localizada no bairro Siqueira Campos, para panfletar e explicar à sociedade as causas da paralisação. Na ocasião, Adilson confirmou que 50% da categoria está parada. "Diariamente a direção do sindicato protocola na Fundação Hospitalar de Saúde e no setor de transporte do Samu a relação dos condutores que não irão trabalhar no dia", relatou.
Normalmente de um total de 300 condutores concursados, diariamente 60 deles trabalham. O regime de trabalho dos condutores é a escala – a cada 24 horas trabalhadas, 48 horas é de folga. Em Sergipe, existem 36 bases do Samu, todas estão sendo afetadas com a greve.
Atrás do diálogo – Quando questionado se a paralisação seria a única solução para que consiga reaver seus direitos, o presidente do sindicato disse que a categoria não tem outra forma de reivindicar. "Se começarmos a conversar, voltamos ao trabalho", garantiu.
Adilson contou que não existe negociação com a FHS nem com a Secretaria de Estado da Saúde. "Dia 21 de março a direção do sindicato entregou a pauta de reivindicações e não houve respostas. De lá para cá, já realizamos três paralisações de advertência, mas de nada adiantou, por isso paramos de vez".
O sindicalista informou que há pessoas com nove anos trabalhando no Samu sem aumento salarial. O salário-base da categoria é R$ 642, 65.
Queixas – A população já começa a reclamar da demora no atendimento. Na última sexta-feira, dia 17, uma mulher deu à luz a uma criança em casa, porque a ambulância do Samu não chegou a tempo de levá-la à maternidade. Domingo passado, dia 19, em um acidente na BR 101 que deixou três vítimas fatais, um irmão de uma das vítimas ficou revoltado com a demora do socorro. "Quando o acidente aconteceu, dois deles ainda estavam com vida e nós chamamos imediatamente o Samu, mas eles só chegaram mais de uma hora depois e eles acabaram morrendo", desabafou Josafá Oliveira.
A informação da Secretaria de Estado da Saúde é que, durante a greve, o Samu tem um plano de ação que determina uma redistribuição das ambulâncias disponíveis (50% da frota) de uma forma mais equilibrada, a fim de garantir a melhor assistência possível através do menor tempo resposta possível. No entanto, o serviço tem encontrado dificuldade no horário de troca de plantão, principalmente às 7 horas.
Segundo o superintendente do Samu, Leonardo Coelho, "o sindicato está enviando a lista dos condutores que vão trabalhar muito tarde, o que tem causado atraso na formação das equipes. Sobre os atendimentos, o serviço tem priorizado os de maior gravidade e de rua, a exemplo de acidentes de trânsito".
O secretário estadual da Saúde, Silvio Santos, acredita que a greve dos condutores é precipitada, pois a mesa de negociação funciona permanentemente. "Estamos em um avançado processo de negociação com os Sindicatos em torno de um Plano de Carreira para os servidores que contém avanços reconhecidos por todas as categorias. A greve dos condutores do Samu é intempestiva. Além de sacrificar a população, poderá colocar em risco todo o esforço da mesa de negociação".