HABEMOS PAPA
Publicado em 18 de março de 2022
Por Jornal Do Dia Se
Rômulo Rodrigues
Enfim, o governador Belivaldo Chagas bateu o martelo e indicou o deputado federal Fábio Mitidieri, PSD, em seu segundo mandato, como candidato governista ao governo do Estado de Sergipe e, como só podia indicar um nome, foram preterido os de Edivaldo Nogueira e Ulices Andrade.
Os dois, Edvaldo e Ulices, devem permanecer onde estão, prefeitura municipal de Aracaju e tribunal de contas do estado e causarão grandes surpresas e reviravoltas se saírem dos cargos que ocupam em 2 de abril, gestos considerados improváveis.
Quanto aos passos a serem dados por eles, é marchar e marchar com o pelotão governista ou, dar um cavalo de pau, ou freio de arrumação, ou como costuma dizer Edvaldo, uma Maria Escombona, coisa de Pão de Açúcar; também improvável.
A primeira impressão foi, depois de tanto tempo de espera e expectativa criada em torno de um anúncio que já era previsto; a repercussão foi abaixo do esperado e a fotografia oficial não revelou a euforia de um belo gol e, se a política também é imagem, vamos aguardar a próxima.
Nunca foi fácil, e nunca será, amalgamar e condensar os resultados de todas as leituras teóricas, sobre táticas e ter uma estratégia perene durante décadas em um único partido, seja ele de quadros, de massa ou tudo junto e misturado.
O Partido dos Trabalhadores consegue, é bombardeado diuturnamente, dá passos para frente, dá passos para trás, avança, para, recua, segue em frente e se consolida como único partido para valer no Brasil, enquanto o resto cumpre o papel de registro eleitoral.
Essa é a fórmula, e por isso mesmo, não foi possível aplicar a receita a um aglomerado que foi juntado em 1994, que tinha dentro de si, um senador que fora prestar solidariedade ao ultra reacionário general Silvio Frota, que fora exonerado pelo general Ernesto Geisel por tentar dar um golpe de direita, por dentro de uma ditadura de direita.
Há quem diga que o grupo que comanda os destinos do estado foi formado a partir de 2006, com Marcelo Deda à frente. Refuto e digo que foi consequência da geringonça de 1994.
A chapa apresentada naquele ano, se contrapondo às oligarquias do cimento e da cana, teve como candidato a governador o ex-prefeito de Aracaju Jackson Barreto, que renunciou ao cargo, o senador frotista Francisco Rollemberg, que rompeu com seu conforto de expoente do conservadorismo; o ex-governador Antônio Carlos Valadares, também egresso do mesmo grupo onde foi vice-governador e governador e elegeu o sucessor João Alves Filho.
Na Eleição de 1994, Jackson Barreto foi vitorioso no primeiro turno contra Albano Franco e derrotado no segundo turno quando sofreu uma campanha das mais preconceituosas do Estado de Sergipe, por parte dos conservadores.
O grupo como um todo saiu vitorioso com as eleições dos dois senadores, Antônio Carlos Valadares e José Eduardo Dutra e tirou Marcelo Deda de uma situação sufocante, elegendo-o deputado federal e acendendo o pavio do meteoro que ganhou consistência para comandar 2006, depois das arrancadas de 1998, 2000 e 2004.
Ouso dizer, sem medo de desagradar aos revisores da história, que se não fosse a coragem de Jackson Barreto de deixar a prefeitura de Aracaju nas mãos de Almeida Lima e ir para o confronto com as oligarquias, a história política de Sergipe poderia não ter vivido o dia 14 de março de 2022.
Agora é daqui para frente e se o Jackson, que está impávido na foto, vai repetir 1998, abrindo mão de um retorno triunfante como deputado federal, para correr um risco grande de não ter sucesso na terceira tentativa de se eleger senador, levado por uma teimosia, vou até Caicó e digo: “Teimosia com prejuízo, só tem quem não tem juízo”.
Quanto à escolha de Fábio Mitidieri, só posso dizer o que ouvi de um sábio, no dia seguinte: “Será que dá para acomodar numa cadeira onde já sentaram Leandro Maciel, Seixas Dória, Augusto Franco, João Alves Filho, Antônio Carlos Valadares, Albano Franco, Marcelo Deda, Jackson Barreto e está sentado Belivaldo Chagas; Fábio Mitidieri sentado nela”?
Passado o impacto, respondi. Toda a pujança de sentar naquela cadeira é uma caminhada que ele só depende dele fazer jus e chegar lá. Se conseguir o feito até 2 de outubro, será merecedor e poderá entrar para a história.
Rômulo Rodrigues, sindicalista aposentado, é militante político