Humanidade em falta
Publicado em 03 de janeiro de 2022
Por Jornal Do Dia
Vacina tem. Respeito à Ciência e disposição para salvar vidas, ao contrário, anda em falta. As vacinas contra a covid-19 para crianças de 5 a 11 anos de idade começarão a chegar ao Brasil na segunda quinzena de janeiro. Antes disso, no entanto, a imunização da população nessa faixa etária enfrentou toda sorte de polêmicas vazias. O presidente Jair Bolsonaro atuou, mais uma vez, como aliado do vírus.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária autorizou a aplicação da vacina da Pfizer para crianças há duas semanas. Somente depois de muito bate boca, o Ministério da Saúde ampliou o Programa Nacional de Imunização. Mas exigiu prescrição médica.
A medida causou reação de governadores em pelo menos 20 estados, além do Distrito Federal. Eles já adiantaram que não irão seguir a recomendação de Brasília. Acre, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo e, felizmente, Sergipe, não estão interessados na cruzada ideológica promovida pelo presidente Bolsonaro.
A depender de Bolsonaro, o isolamento do Brasil seria fato consumado, com os resultados previsíveis em matéria de economia e saúde pública. Estados Unidos, Áustria, Alemanha, Chile, China e Colômbia se apressaram a imunizar o maior número de cidadãos, sem demora. Aqui, onde mais de 600 mil brasileiros perderam a vida, levados pelo vírus, o governo de turno investe na confusão sem cabimento entre questões de liberdade individual e saúde pública.