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Justiça para Genivaldo
Publicado em 15 de junho de 2022
Por Jornal Do Dia Se
Flagrantes de violência policial não são raros. Dados confiáveis, relacionados ao elevado índice de letalidade das forças de segurança, são produzidos e divulgados regularmente, após levantamento realizado junto às fontes oficiais. Somente quando um novo caso fura a bolha da exaustão coletiva e ganha repercussão inesperada, entretanto, há esperança razoável de punição para os criminosos resguardados pela farda. Por vezes, nem assim.
O senador Humberto Costa, presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, esteve em Sergipe com o objetivo de acompanhar os desdobramentos do caso Genivaldo de Jesus Santos – sergipano asfixiado até a morte por Policiais Rodoviários Federais, após abordagem realizada no interior do estado. O senador fez questão de declarar a sua confiança na Justiça, a esperança de punição exemplar para os criminosos, de acordo com a letra da Lei. A Justiça Federal em Sergipe, no entanto, se opôs à prisão preventiva dos bandidos. Para a procuradora chefe do Ministério Público Federal, Eunice Dantas, a prisão seria uma medida “excepcional”.
De fato, policiais flagrados em abuso de autoridade, nos episódios mais brandos, ou com sangue inocente nas mãos, nos mais revoltantes, raramente recebem punição à altura de seus crimes. Sobre a morte de Genivaldo, por exemplo, não pesa a necessidade de maiores investigações, esclarecimentos. O crime foi cometido à luz do dia, documentado em vídeo, em presença de testemunhas. Ainda assim, os criminosos permanecem livres, enquanto a família da vítima clama por Justiça.
A impunidade é o principal incentivo para que policiais se comportem como bem entendem, ao abordar cidadãos desprotegidos nas periferias das cidades brasileiras. Os assassinos de Genivaldo jamais suspeitaram que torturar um homem preto e pobre, sufocá-lo com uma granada de gás lacrimogêneo, pudesse lhes render complicações. A vigilância da sociedade, no entanto, há de levar a morte de Genivaldo até as últimas consequências – muito além do escândalo, do aborrecimento.