Lixo a céu aberto
Publicado em 07 de fevereiro de 2020
Por Jornal Do Dia
Dependesse da boa vontade dos gestores municipais, os lixões jamais seriam extintos. Isso porque dar um desti no adequado ao absurdo de resíduos derivados do consumo exige recursos e planejamento. Felizmente, mais do que a conveniência ou a falta de prioridades de prefeitos eleitos no fim do mundo, tem força maior a letra da Lei.
De acordo com a legislação, os lixões já deveriam ter sido varridos do mapa do Brasil há tempos. No entanto, o descaso com a questão ambiental e social persiste. Em Sergipe, por exemplo, o poder judiciário ainda é obrigado a intervir para chamar o feito à ordem.
Agora mesmo, os tribunais atenderam pedido de cumprimento de sentença, referente a uma Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público de Sergipe, e determinou que o município de Propriá desative, no prazo de 15 dias, todas as operações desenvolvidas no lixão da cidade.
Melhor assim. Depois de 20 anos de tramitação legislativa, o Brasil aprovou, em agosto de 2010, a lei 12.305 que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e estabeleceu, entre as metas imediatas mais urgentes, a extinção dos lixões até o final de 2014. As dificuldades inerentes à natureza colossal do desafio impediram a realização de tal propósito.
Sergipe foi o quinto entre todos os estados brasileiros a concluir a redação do Plano Estadual de Resíduos Sólidos, o primeiro a elaborá-lo com recursos do Ministério do Meio Ambiente. A partir de então, com a criação de quatro Consórcios Públicos Intermunicipais de Saneamento Básico, esperava-se que os prefeitos colocassem mãos à obra, dando efeito prático à política de resíduos sólidos em seus respectivos municípios. Até o momento, no entanto, pouca coisa saiu do papel.