Mimos das Arábias

Joias, relógios de grife, os mimos das Arábias que atiçaram a cobiça de Bolsonaro deverão ser devolvidos ao Estado brasileiro e permanecer sob os cuidados da Presidência da República, decidiu por unanimidade o Tribunal de Contas da União. Resguarda-se, assim, a impessoalidade no trato com a coisa pública.
A confusão deliberada entre as esferas pública e privada foi uma marca da gestão Bolsonaro. Não admira, portanto, que wscândalos de tal natureza se sucedam desde a derrota sacramentada com a posse de Lula. Há muito a ser restaurado, no entanto. Um trabalho contínuo, que não pode parar por aqui.
De grão em grão, chega-se a milhão. O TCU já recomendou neste mês a devolução de relógios das marcas de grife Hublot e Cartier recebidos por integrantes do governo em viagem ao Qatar, em 2019. Cada um vale até R$ 53 mil. Há, no entanto, neste mesmo episódio, espólio de maior monta. Um conjunto de joias destinadas à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, apreendido em 2021, é avaliado em R$ 16,5 milhões.
O escândalo em tela guarda uma boa dose de ironia. O presidente eleito sob a bandeira de uma lisura radical, justo ele, suposto arauto do combate à corrupção, já não pode exibir as mãos limpas sem corar.