**PUBLICIDADE
Mordomias por um fio
Publicado em 13 de novembro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
Ao invés de tirar apenas dos mais vulneráveis, como é praxe, o governo pretende passar a faca na gordura do primeiro escalão
Os protestos por necessário ajuste fiscal, a cobrança reiterada para que o governo federal promova um salutar corte de gastos nas despesas sob a responsabilidade da União, não podem se ater apenas ao custeio com saúde, educação e assistência social. Em verdade, o governo federal sustenta as mordomias de muita gente privilegiada, com a boca cheia de boas intenções.
O corte de gastos está na pauta da presidência da República. Mas, ao invés de tirar apenas dos mais vulneráveis, como é praxe, o governo de turno pretende passar a faca na gordura do primeiro escalão. Militares e membros do poder judiciário podem estar prestes a sentir na própria carne a lâmina do ajuste fiscal.
De fato, há muita gordura para extirpar do orçamento. Fala-se aqui dos penduricalhos que transbordam da folha de pagamentos dos senhores magistrados, com vencimentos que desrespeitam o teto salarial solenemente. E também da previdência dos militares. Segundo o Ministério do Planejamento, esta seria responsável por um rombo de 49,7 bilhões no orçamento.
O ajuste fiscal não precisa ser tomado por um palavrão. Por certo, há necessidade de manter os investimentos já insuficientes em educação e saúde. Esta é a estratégia de qualquer País com alguma ambição de grandeza. Se o presidente Lula realmente bancar a equidade fiscal por meio do ajuste nas contas públicas reclamado a torto e direito, portanto, terá realizado, talvez, o maior gesto do seu terceiro mandato.