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MULHERES NA POLÍTICA: CHEGA DE SER PONTE!


Publicado em 19 de agosto de 2022
Por Jornal Do Dia Se


Vânia Azevedo

Como mulher, vejo com bons olhos o clamor da sociedade pela convocação da mulhera ocupar o seu lugar na política; não apenas a participar dos movimentos sociais,inclusive a sua filiação a partidos políticos com o objetivo de buscar maior representatividade na política. E mais que isso: sua candidatura para o próximo pleito é urgente,especialmente para a Câmara dos Deputados, onde sua participação tem sido inexpressiva (só em 2018 atingiu os 15%) se levarmos em consideração o número de eleitoras no Brasil.
Segundo o mapa da situação das mulheres na política, lançado em 2020 pela Organização das Nações Unidas (ONU), a nossa posição é desanimadora. Dentre os 193 países no mundo, o Brasil ocupa a posição 140, equivalendo-se a países como: Turquia, Índia, Líbia, Arábia Saudita, Nigéria, China, Cingapura,que possuem o menor índice de mulheres na política em todo o mundo, especialmente na Câmara dos Deputados, como ocorre a todos eles.
Em um país onde as mulheres representam aproximadamente 53% da população feminina e do eleitorado, nada mais lógico que tenhamos cada vez mais candidaturas femininas de mulheres negras, indígenas e de identidade LGBTQIA+ em condições de mudar esse cenário;utilizando-se da sua própria história de vida para descortinar as necessidades inerentes à sua condição e implementarprojetos com ações afirmativas que sejam relevantes para as mulheres. Até porque, ainda que aConstituição garanta igualdade, notadamente, não temos a efetividade igual dos direitos.
Não é novidade para ninguém as pressões que sofre a mulher quando se dispõe a assumir um cargo ou função de comando em um espaço que outrora a hegemonia do sexo masculino fez história. Nada a ver com falta de conhecimento ou menor poder de argumentação das mulheres. Já está mais que evidente que a mulher pode ser tudo que quiser, desde que esteja convicta do seu propósito e da sua capacidade de se fazer presente em todos ossegmentos da sociedade. Para tanto, a partir das Eleições 2018, o Plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorizou os partidos a reservar 30% dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (dinheiro este proveniente do Fundo Eleitoral) para financiar campanhas de candidatas no período eleitoral.No entanto, nem sempre a atribuição que os partidos detêm de inserir a mulher na política possui uma configuração estratégica de fomentar seus conhecimentos, observandovicissitudes, para inserir uma participação mais ativa e ética de mulheres nesse contexto;por vezes dispensando o suporte necessário para que a sua candidatura se fortaleça e venha a ser um incentivo a outras mulheres.
Partindo desse princípio, preocupa-me as circunstâncias como algumas candidaturas de mulheres são forjadas,apenascom o singularpropósito de cumpriro intento de fazer valer a lei das cotas. Exemplos recentes dão conta que uma prática comum exercida pelos partidos é formalizar convites, não tão somente ignorando a falta de comprometimento da candidata com as questões político-sociais,mas, inclusive, usando de perspicácia para utilizar os recursos que subsidiaria a sua campanhaem favorecimento de outro(s) candidato(s) do partido com maior poder de angariar votos. Ou seja, utilizando-a como objeto de campanha, em troca de alguns benefícios ou vantagens, como desfrutar os três meses de afastamento das funções que ocupa(requisito coberto pela lei ao candidato), só retornando às suas atividades dez dias após as eleições.Candidaturas suspeitas(geralmente sujeitas a denúncia), têm gerado consequências na hora de justificar à justiça os gastos de campanha quando esta não se efetivou,podendo gerar situações traumáticas;levando-as aresponderpor um crime (uso indevido de recurso de campanha) que não jugou cometer. Atitudes assim, em nada colaboram para o êxito das lutas femininas por maior representatividade nesse universo.
Precisamos assumir o compromisso de transpormos os obstáculos que nos levarão a exercer papéis fundamentais para uma mudança estrutural nas dimensões de gênero na política; bem como o papel da mulher como agente de transformação e conduta ética da política no Brasil.
Se as mulheres querem falar,querem ser ouvidas, querem ser respeitadas, querem corrigir as discrepâncias da antiga mentalidade patriarcal que ainda deixa suas marcas (especialmente na equidade de remuneração), elas precisam buscar a igualdade de gênero na política. Elas precisam saber valer os seus direitos e buscaremseu lugar (oportunamente na política),pois só então serápossível viabilizar a implementação de pautas relevantes que venham a beneficiar as mulheres e as suas lutas por uma sociedade com mais equidade.Não podemoscontinuar servindo de ponte na política para atender interesses que em nada atentam para as necessidades das minorias, nem atende as questões ligadas às lutas da mulher. Precisamos ser a própria estrada.

Vânia Azevedo é professora.

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