Neu Fontes e o resgate do Jornal Pipiri
Publicado em 13 de novembro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
* Antonio Passos
No início desta semana fiz uma visita ao recém-empossado presidente da Fundação Cultural Cidade de Aracaju – FUNCAJU, o artista, gestor cultural e amigo Neu Fontes.
A visita foi esboçada poucos dias antes. Em um encontro casual, Neu me adiantou que pensava em promover um resgate do Pipiri – O jornal da Cultura.
Para quem não tem idade de ter visto e ainda não teve a oportunidade de conhecer a história, o Pipiri foi um jornal impresso, inicialmente produzido pela então Secretaria Municipal de Cultura, hoje FUNCAJU.
Estamos falando da década de 1980, um tempo no qual não havia internet e nem as agitadas redes sociais de agora. Os telefones celulares que começavam a aparecer tinham mais peso e tamanho que funcionalidades.
Os jornais impressos eram indispensáveis para quem quer que quisesse andar bem informado. Eram peça farta entre livros carregados por universitários, embaixo de braços vestidos por paletó e dentro de bolsas.
Em Aracaju haviam quatro ou cinco jornais diários, uns dois semanais e mais alguns de periodicidade duvidosa. Entretanto, em toda essa folhagem impressa, quase sempre os temas arte e cultura viviam espremidos.
Naquele contexto surgiu o Pipiri – O jornal da Cultura. Isso mesmo, uma publicação inteiramente dedicada a arte e a cultura produzidas em Aracaju e seus intercâmbios com expressões vindas de outros cantos do mundo.
A estrutura que deu suporte ao projeto foi a Secretaria Municipal de Cultura. A secretária era Lânia Duarte e a produção e editoria foram entregues ao comando da jornalista Ilma Fontes. A ideia foi tão bem-aceita que perdurou por diferentes gestões.
E assim circulou o Pipiri por um bom tempo, feito com muito carinho e empenho por quem passou por lá. De um modo quase artesanal, o jornal contou em sua concepção visual com o traço indelével do artista plástico Jorge Luiz e de outros.
O tempo e os gestores, entretanto, que tanto promovem quanto sufocam momentos luminosos, acabaram por encarcerar o Pipiri – O jornal da Cultura, em salas escuras de arquivos mortos.
Agora, mostrando compromisso com a sua história de mais de quarenta anos de envolvimento com a arte sergipana, bem como com a gestão cultural, Neu Fontes arregaçou as mangas em favor de um resgate do Pipiri.
A ideia é produzir ainda este ano uma edição especial que apresente às novas gerações de artistas e produtores culturais essa página tão reluzente e vibrante de divulgação de nossa cultura artística: o Pipiri.
Que a ideia seja semente e volte a dar bons frutos. Que sirva de farol para iluminar o caminho de início da nova gestão municipal que se aproxima. Aracaju e Sergipe andam carentes de publicações dedicadas aos temas arte e cultura.
* Antonio Passos é jornalista