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No curso de um rio


Publicado em 25 de janeiro de 2022
Por Jornal Do Dia Se


Para as comunidades ribeirinhas, a construção de uma usina hidrelétrica jamais se dá sem transtornos. O impacto ambiental de uma obra com tal magnitude não pode ser desprezado. Mas imperativos de ordem econômica acabam sobressaindo, em prejuízo da subsistência das famílias à beira dos rios.
No São Francisco velho de guerra não é diferente. Todo ano, a rotina dos ribeirinhos é adequada à conveniência da Chesf. Em períodos chuvosos, a vazão aumenta, inundando margens e afluentes. Nos períodos de escassez, o rio é quase completamente represado, a fim de gerar energia.
Agora mesmo, a Companhia Hidrelétrica do São Francisco divulga circular informando que a programação para escoamento dos reservatórios das hidrelétricas de Xingó, em Alagoas, e de Sobradinho, na Bahia, no valor de 4.000 m³/s, será mantida até o dia 01 de fevereiro. O volume é grande, extraordinário, a ponto de a Companhia advertir os moradores das cidades banhadas pelo São Francisco sobre os riscos de atividades no curso do rio.
O informativo é claro: “É fundamental chamar a atenção para a importância da não ocupação de áreas ribeirinhas situadas na calha principal do rio, haja vista o período úmido em curso e a possibilidade de elevação das vazões para valores acima de 4.000 m³/s, a depender da evolução do quadro de chuvas na Bacia”. Ou, em bom português, os incomodados que se mudem.
Não se trata aqui de mera questão administrativa. Mas de um projeto de País. Embora a preocupação com a geração de energia seja perfeitamente legítima, é preciso considerar também e a preservação dos recursos naturais, além da importância social do São Francisco. A ausência de investimento em fontes alternativas de energia, associada ao projeto criminoso de transposição, à revelia dos investimentos indispensáveis à sua revitalização, no entanto, subordinaram uma questão estritamente técnica a interesses econômicos e políticos.

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