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NOSSA SENHORA IMPERATRIZ DOS CAMPOS DE TOBIAS BARRETO


Publicado em 16 de julho de 2022
Por Jornal Do Dia Se


Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos

Há exatos dez anos, recebia das mãos do escritor e historiador Elias Felipe Neto o livro “Tobias Barreto, minha terra”. Um trabalho de fôlego que procurou dar contas das origens da antiga Vila de Campos do Rio Real, hoje, com muita justiça conhecida oficialmente com um de seus filhos mais ilustres: Tobias Barreto de Meneses (1839-1889). Na última quinta-feira, estive por lá e fui fraternalmente recebido pelos padres Jodeclan Rabelo, Pedro Vidal e Antônio Everton dos Santos. Fui levantar dados e colher depoimentos da trajetória de vida e sacerdócio do saudoso padre Vicente Vidal de Souza (1960-2020), para uma homenagem póstuma no segundo volume da coleção “No Colo da Piedade”, da Paróquia Nossa Senhora da Piedade (Lagarto-SE), a ser lançado em agosto deste ano.
Foi nas páginas do livro de Elias Neto que pude conhecer um pouco mais da história do Município de Tobias Barreto, umbilicalmente ligada à antiga Vila do Lagarto. Interessou-me de perto a devoção à Nossa Senhora, assunto que me acompanha há pelo menos vinte anos, em suas mais diversas manifestações e representações. À Nossa Senhora Imperatriz dos Campos mais ainda, única no Estado de Sergipe e na história do devocionário católico dos sergipanos, quiçá no Brasil.
Como sabemos, são muitos os títulos dedicados à Nossa Senhora. Na clássica coleção de 21 volumes do padre Rohrbacher (1959) não há nenhuma menção à Nossa Senhora Imperatriz dos Campos. No livro de frei Darlei Zanon, “Nossa Senhora de Todos os Santos” (2005), ele levantou 260 deles, destes, também, nenhuma citação. O que me deixou ainda mais curioso dessa particularidade mariana de Tobias Barreto, obrigando-me, no bom sentido da palavra, a recorrer a outras fontes e referências para compreender melhor e condensar essa pesquisa aos escritos de Elias Neto.
Segundo consta da hagiografia (biografia dos santos) e da mariologia pude depreender as seguintes informações. Trata-se de uma devoção mariana que remonta ao XIII, num lugarejo italiano chamado Stezzano, onde ocorreu uma série de aparições da Virgem Maria, como de costume, para pessoas simples e humildes. Iconograficamente, Ela se apresentou vestindo um manto azul escuro e véu branco, com um terço na mão direita e um livro aberto na mão esquerda (bem diferente da atual imagem da cidade de Tobias Barreto, que tem um cetro na mão direita e o Menino Jesus na mão esquerda, ambas as imagens coroadas). Anos depois, ela tornou a aparecer no final do século XVI, no mesmo lugar, onde já havia sido erguida uma capela, desta feita para suas camponesas, Bartolomea Bucanelli e Dorotéia Battistoni, uma de 10 e a outra de 11 anos.
Inicialmente conhecida como Nossa Senhora da Oração, foi reconhecida mais tarde pela Igreja Católica com o título de Nossa Senhora dos Campos. Vale lembrar que a denominação inicial, Nossa Senhora da Oração, ficou para sacramentar outras aparições marianas na França, entre os dias 8 e 14 de dezembro de 1947, para quatro crianças, numa cidade chamada L´lleBouchard, devoção comemorada no dia 12 de julho, mesmo dia em que se celebra, também, Nossa Senhora dos Campos.
Não tardou para que Nossa Senhora dos Campos fosse também venerada no Brasil, levando o nome de capelas, paróquias, foranias e até mesmo dioceses. Tudo leva a crer que essa devoção mariana foi trazida para o Brasil com as imigrações italianas, notadamente na região sul e sudeste do Brasil e, de algum modo, a algumas regiões do Nordeste, como aqui nas plagas de Sergipe.
A julgar pela pesquisa de Elias Neto, a devoção a Nossa Senhora dos Campos teria sido instalada entre o final do século XVI e início do século XVIII, tanto é evidente que no dia 20 de outubro de 1718 foi criada a Freguesia de Nossa Senhora dos Campos do Rio Real de Cima, desmembrada da Freguesia de N. Sra. da Piedade do Lagarto. Ao que consta, a expressão Imperatriz está associada à rainha Maria Leopoldina, esposa de dom Pedro I. A morte dela, no dia 11 de dezembro de 1826, casou uma grande comoção nacional, inclusive na Vila de Campos, que doravante passou a se chamar Vila de Nossa Senhora Imperatriz dos Campos, cuja festa se celebra no dia 15 de agosto, reconhecida como Patrimônio Cultural e Imaterial de Sergipe, desde 2019 e cujo Tricentenário foi garbosamente comemorado pelo padre Jodeclan Rabelo, no ano anterior, com tema “Com Maria, 300 anos de fé, devoção e missão”.Desde o dia 31 de dezembro de 1943, a antiga Vila de Campos passou ser denominada de Tobias Barreto.

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