**PUBLICIDADE
O chamado de Bolsonaro
Publicado em 12 de julho de 2022
Por Jornal Do Dia Se
Há quem atribua o assassinato do guarda municipal Marcelo Aloizio de Arruda, no Paraná, à polarização evidente do embate eleitoral que se avizinha. Os jornais de grande circulação, por exemplo, relatam o assassinato de um “militante petista”, motivado por desavença política. A realidade, no entanto, é um pouco mais complexa do que sugerem as manchetes da primeira página.
Marcelo era um homem comum, um cidadão em pleno gozo de todos os seus direitos, um pai de família, com inclinações políticas legítimas, filiado a um partido legítimo, reconhecido e subordinado à legislação eleitoral. O autor dos disparos, contudo, é um simpatizante do presidente Bolsonaro, fanático a ponto de invadir uma festa particular e disparar a queima roupa contra quem reconhece como inimigo, mais do que eventual adversário. Cansado de fazer arminha com a mão, talvez, o policial bolsonarista partiu para o ataque.
As circunstâncias do crime são as mais reveladoras. Marcelo comemorava o seu aniversário de 50 anos em uma festa temática na qual deixava claro a sua preferência pela candidatura do presidente Lula, do Partido dos Trabalhadores, até ser perturbado com os protestos do invasor. O comportamento criminoso do seu algoz, o policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho, é de sua inteira responsabilidade. É preciso reconhecer, entretanto, que os crime foi precedido por toda sorte de sugestões assassinas proferidas pelo presidente Bolsonaro.
Durante a campanha em que seria eleito presidente da República, Bolsonaro afirmou impunemente que seria preciso “metralhar os petralhas”. Pois bem, agora que suas palavras reverberam com o estampido dos disparos, ele precisa assumir a sua obra. O presidente convoca um levante popular armado contra seus adversários há meses. O assassino de Marcelo Aluizio de Arruda, pai de quatro filhos, entre os quais um bebê de 40 dias, atendeu ao chamado do presidente.