Outros quinhentos

Os brasileiros querem consumir, abrir a mão, adquirir bens e produtos. Mas a economia não ajuda. Segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo (CNC), o endividamento cresce, sobretudo nas faixas de renda elevadas, sinalizando a disposição para fazer o dinheiro circular. Honrar as dívidas, entretanto, é outros quinhentos.
O movimento é pendular, demonstrando a instabilidade econômica do País. Após iniciar 2021 em patamar superior ao observado no fim do ano anterior, o percentual mensal de inadimplência teve redução até maio, mas passou a apresentar tendência de alta desde então, alcançando 26,2% em dezembro, acima da média anual.
Tantas idas e vindas se dão, também, por força dos reflexos produzidos pela pandemia. A retomada da atividade econômica certamente tem impacto positivo na geração de emprego e renda, com consequências virtuosas no planejamento do orçamento doméstico. Razão para que a fiscalização dos protocolos de segurança contra a covid-19 seja a mais rigorosa. Infelizmente, as poucas restrições impostas ao comércio de bens e serviços começam a cair no esquecimento.
Não é novidade pra ninguém: a pandemia do coronavírus segue em curso, com efeitos previsíveis em âmbito sanitário e também econômico. No rastro da variante Ômicron, o contágio continua se alastrando, volta a sobrecarregar o sistema público de saúde. Se a pandemia seguir ganhando volume no rastro de aglomerações irresponsáveis, os comerciantes sentirão tanto quanto os demais cidadãos.