Pão caro

Pesquisa sobre os Hábitos de Consumo no Brasil, feita por uma empresa especializada em tecnologia de pagamentos, revela que os brasileiros destinam até 46% da renda doméstica para as contas de alimentação e combustível. Em bom português: o trabalhador brasileiro vive de casa para o trabalho, do trabalho pra casa. E trabalha pra comer.
Em relação aos gastos essenciais, por exemplo, alimentação e combustível mostraram peso de 41% no orçamento doméstico, para todas as faixas de renda, nos últimos 12 meses, em comparação aos 12 meses anteriores. Para os brasileiros de baixa renda a margem sobe para 46% no período, sendo que as compras presenciais, nessa faixa de renda, atingem quase 98%. Entre os mais ricos, alimentação e combustível têm peso de 26% no orçamento.
A inflação pesa em todas as faixas de renda, naturalmente. Mas é preciso se ater para o peso que a alimentação tem no orçamento das famílias de menor renda. Considerado o salário mínimo em vigor, boa parte dos trabalhadores brasileiros trabalha para comer e alimentar os seus. E ainda jogam as mãos para o céu, agradecidos por ter um emprego.
Em tempo de crise, os dados comprovam, só a desigualdade prospera. Assim, convém evocar de novo as palavras do presidente Lula, em discurso recente, realizado durante uma conferência da ONU. Segundo ele, era preciso firmar uma aliança global em favor da segurança alimentar, com responsabilidade climática. De fato, nada é mais urgente.