Por quê alguns prefeitos fugiram da reeleição?
Publicado em 23 de agosto de 2024
Por Jornal Do Dia Se
* Gregório José
Vamos falar a verdade sem rodeios: a política municipal no Brasil virou uma piada de mau gosto. As eleições de 2024 estão aí, e o que vemos? Prefeitos correndo da reeleição como o diabo foge da cruz. E quem pode culpá-los? Afinal, quem em sã consciência quer continuar gerindo o caos de um país onde a União e os Estados jogam as responsabilidades para os municípios, como se fossem um saco de batatas quentes?
Os números da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) até podem parecer otimistas, com 90% dos prefeitos dizendo que pretendem se candidatar novamente. Mas vamos combinar: esses números só mascaram uma realidade bem mais dura. Entre 2021 e 2024, os prefeitos enfrentaram uma pandemia devastadora e, como se não bastasse, uma crise fiscal sem precedentes. Eles tiveram que se virar com o pouco que tinham, enquanto o governo federal lavava as mãos. E agora, o que eles ganham em troca? A gloriosa oportunidade de fazer tudo de novo, mas desta vez com os cofres ainda mais vazios.
É quase cômico, se não fosse trágico, ver que entre esses guerreiros da administração pública, muitos estão simplesmente jogando a toalha. E quem pode culpá-los? A gestão pública virou uma roleta russa, onde cada nova crise pode ser a última bala no tambor. E, quando até as redes sociais e o contato direto com o eleitor são mais eficazes do que debates ou anúncios tradicionais, dá pra entender por que tanta gente prefere ficar de fora dessa corrida insana.
Os números não mentem, ou melhor, eles mentem sim, mas com classe. Quase 90% dos prefeitos entrevistados pela Confederação Nacional dos Municípios afirmaram querer reeleição, mas, na prática, vemos uma evasão de candidatos digna de final de novela: uns se cansaram, outros desistiram, e uns poucos corajosos ainda se agarram à esperança de um segundo mandato.
Se as redes sociais são o novo campo de batalha, onde prefeitos e candidatos duelam por curtidas e votos, o velho folheto impresso virou relíquia de museu, ignorado até por quem o imprime. E, claro, debates políticos? Ah, esses ficaram mais gelados que sorvete em dia de inverno. Quem diria que, em tempos de tanta tecnologia, a boa e velha conversa cara a cara ainda renderia mais frutos do que toda a parafernália digital junta.
A verdade é que a política municipal brasileira virou um grande teatro do absurdo. Prefeitos estão saltando de partido como ratos abandonando um navio que afunda, na esperança de encontrar uma boia que os mantenha à tona. E o eleitor? Bom, esse assiste a tudo de camarote, pagando o ingresso mais caro: sua paciência e, em muitos casos, sua esperança.
Enquanto o PSD celebra sua nova leva de prefeitos e o PSDB lambe as feridas de suas perdas, o Brasil continua patinando na lama de uma gestão pública que, há muito, deixou de ser séria. Em vez de buscar soluções reais para problemas reais, nossos políticos preferem brincar de esconde-esconde, jogando a culpa uns nos outros enquanto os municípios afundam. E, no fim das contas, a única certeza que temos é que, em 2024, a comédia das urnas vai continuar, mas sem nenhuma graça.
* Gregório José, Jornalista/Radialista/Filósofo