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Privatismo nocivo
Publicado em 16 de fevereiro de 2022
Por Jornal Do Dia Se
A privatização da Eletrobrás, nos moldes propostos pelo governo federal, contraria o interesse público. Eis aqui, em poucas palavras, a síntese do relatório assinado por um ministro do Tribunal de Contas da União, após detida análise de documentos relacionados à desestatização. O vaticínio não é unânime, nem mesmo no seio da própria corte de contas. Por isso mesmo, merece toda a atenção dos brasileiros.
Segundo o ministro Vital do Rêgo, o governo corre o risco de se desfazer de um bem público a troco de ninharia, um cacho de bananas. Ele vai além: Não há razão para desprezar o investimento realizado com os recursos públicos. “A sociedade arcou com os custos de construção e instalação dessas usinas hidroelétricas, mas, depois de prontas e pagas, não poderá delas usufruir de forma direta. Além disso, poderá ter uma conta para pagar de R$ 100 bilhões, nos próximos 30 anos”.
O argumento do ministro parece fazer sentido. Mas vai de encontro ao projeto privatista do governo Bolsonaro. O presidente jamais usou de meias palavras para acusar o suposto desserviço das empresas estatais. Segundo ele, até a sua eleição, as empresas administradas pelo governo brasileiro estiveram completamente aparelhadas, serviram de refúgio para vagabundos. Entre as bravatas proferidas durante a campanha e a realidade constatada no exercício do cargo, no entanto, a realidade se impõe.
Nas palavras do ministro Vital do Rêgo: “Nenhum país cuja matriz elétrica possua hidroeletricidade como parte significativa [caso do Brasil] privatizou seu setor elétrico. Estados Unidos, China, Canadá, Suécia, Noruega, Índia, Rússia. Nenhum deles”.