Saco vazio

O Papai Noel de grande parte dos cidadãos está magro que dói. Enquanto a renda média do brasileiro subiu 19,7% em três anos, os alimentos ficaram 41,5% mais caros.
A situação só chegou a tal ponto por força de omissões e prioridades controversas. A fome dos brasileiros – um fato atestado, sobre o qual não paira sombra de dúvidas – não preocupa o presidente Bolsonaro. Em 2021, a insegurança alimentar atingiu patamar recorde e superou, pela primeira vez, a média global. Sobre o assunto, trazido à tona por uma pesquisa de abrangência mundial, o presidente Bolsonaro não disse uma palavra.
Também pudera, as maiores vítimas da insegurança alimentar fazem parte justamente do extrato social desprezado por Bolsonaro. Entre os mais pobres, 75% dos entrevistados em pesquisa recente responderam que faltou dinheiro para comprar comida ao longo dos 12 meses anteriores. Isso, antes mesmo de a guerra no leste europeu pressionar a inflação global e provocar nova alta no preço dos alimentos.
Saúde e paz, votos de felicidade. Não é pouco. E, certamente, estará entre os principais artigos no saco vazio do bom velhinho. Presente que é bom, ninguém sabe quando. E a perspectiva é que o vendaval não passe tão cedo. As projeções econômicas mais otimistas apontam um 2023 puxado. Natal de mesa farta e consumo desenfreado, como a data sugere, só depois da crise.