Sexta, 07 De Fevereiro De 2025
       
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Saudade de Valentina


Publicado em 30 de janeiro de 2025
Por Jornal Do Dia Se


Aos 22 anos de beleza pronunciada (Gtres)

Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
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Os catálogos com modelos em roupas íntimas, esquecidos na mesa de centro das melhores famílias, já alimentaram fantasias dignas do Marquês de Sade. Soft porn para consumo apressado. Os meninos se esbaldavam. Para desespero dos sonhadores mais exigentes, no entanto, as moças nas páginas coloridas eram sempre as mesmas, adotavam as mesmas poses e trejeitos, tinham as mesmas medidas, todas iguais.
Àquela altura, ninguém reclamava. A curiosidade era muita, a oferta de imagens pouca, quase nada. Sem nenhuma educação sentimental, os inocentes ansiavam por mulheres de plástico, projetadas em computador. Os mais frágeis jamais se conformariam com a realidade à própria volta, sucumbiriam à misoginia, incapacitados para o amor, vereda repleta de suor, secreções e lágrimas.
Mas nada como um dia depois do outro. Cedo ou tarde, os padrões de beleza e comportamento mudam. No campo da Cultura, sempre um pouco antes, por força de escândalo. Não à toa, um meme muito popular nas redes sociais acusa o choque de gerações, com ironia fina. Pouco importa a natureza do tema destacado no post, a conclusão é uma só: Pablo Vittar foi longe demais!
Há pouco tempo, diversidade era uma exigência de mercado. Prova disso, a Victoria’s Secret, grife de lingeries criticada por se apegar a um casting muito uniforme, decidiu escalar uma modelo transexual para encarnar a marca. A guinada progressista ocorreu há cinco anos, quando a brasileira Valentina Sampaio, aos 22 anos de beleza pronunciada, deslumbrou o mundo. Ninguém sabia, mas a hegemonia da esquerda democrática estava perto do fim.
Ontem, Dia da Visibilidade Trans, sofri saudade precoce de Valentina, Rogéria, Sofia Favero, Linda Brasil. A depender dos conservadores, a biologia determinará as relações e os papéis sociais, agora e sempre, interditando a beleza e a inteligência delas. Nada mais indesejável, contudo. Se Deus criou a mulher, como sugere o título de um filme estrelado por Brigitte Bardot, no auge da carreira, meados do século passado, o homem contemporâneo deve tudo ao Dr. Freud. Raras vezes, um charuto é só um charuto.
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