**PUBLICIDADE
Sem bola de cristal
Publicado em 31 de dezembro de 2021
Por Jornal Do Dia Se
O ano que se vai não foi fácil para o brasileiro, sob nenhum aspecto. Uma retrospectiva honesta, atenta aos fatos e episódios de interesse coletivo, terá de se ater aos diversos retrocessos impostos à população – desde a política até a saúde pública. O quadro é desolador. Não bastassem as circunstâncias, muitas vezes incontornáveis, há também a apatia e omissão do governo de turno em Brasília. O revés na economia, por exemplo, contou com a colaboração indiscutível da pandemia de coronavírus. Mas o governo federal se omitiu de modo deliberado, agiu e age como parceiro do vírus.
O resultado conta-se em número de mortos, CNPJ cancelados, trabalhadores desempregados. As projeções para o futuro próximo não são as mais animadoras. Tudo indica, 2022 não será fácil para ninguém.
O otimismo delirante do ministro Paulo Guedes não tem o condão de transformar a realidade. Nem o entusiasmo dele, nem o de ninguém. No último Boletim Focus de 2020, a previsão do mercado para este ano indicava inflação em 3,3%, Selic em 3%, dólar em R$ 5. Hoje, o IPCA bate em 10%, a Selic, em 9,25%, e o câmbio beira R$ 5,60. A economia dá inegáveis sinais de estagnação.
Não há bola de cristal capaz de prever o futuro. A previsão mais realista, no entanto, é de recessão no ano que vem. Os sinais estão aparentes: Juros altos, inflação elevada e câmbio depreciado apontam para um 2022 complicado. A credibilidade fiscal e monetária, implodida por obra e graça da dupla Guedes e Bolsonaro, agrava o quadro geral.
Resta apenas um consolo: Ao brasileiro do andar de baixo não falta fé e disposição para o trabalho. Sem uma mudança de postura radical dos poderosos acastelados no Palácio do Planalto, estas serão as únicas armas disponíveis para enfrentar o ano que vem.