Sem culpados
Publicado em 30 de janeiro de 2020
Por Jornal Do Dia
No Brasil, os crimes ambientais raramente recebem punição à altura do estrago. A tragédia de Brumadinho, no interior de Minas Gerais, soterrada pelos rejeitos de uma mineradora, é exemplar. A cidade inteira foi coberta pela lama. No entanto, um ano depois, a empresa Vale do Rio Doce opera normalmente.
Tudo indica, o vazamento que cobriu o litoral do nordeste de óleo é outro crime sem punição. Ontem, depois de meses recolhendo material tóxico nas praias sergipanas, a equipe da Frente Unificada de Sergipe formada por representantes dos órgãos ambientais, governo e Marinha, deu o trabalho por encerrado.
Não se trata aqui de qualquer vazamento. Somente em Sergipe, foram recolhidas mais de uma tonelada do óleo. Apesar da gravidade do episódio o governo federal demorou muito para reagir. O diretor da Defesa Civil Estadual, coronel Alexandre José, disse que Sergipe recebeu cerca de R$ 2,5 milhões para a limpeza da região litorânea, bem como, para o transporte do material. Segundo o diretor esse montante não chegou a ser usado, foi empenhado tarde demais.
A negligência felizmente não inviabilizou o uso permanente das praias. A população se juntou aos servidores da Frente Unificada, arregaçou as mangas e chamou a responsabilidade pela limpeza das praias para si. A investigação conduzida pelo governo Bolsonaro, no entanto, não chegou a conclusão nenhuma.