Teto furado

A folha de pagamentos do Tribunal de Justiça de Sergipe é um escândalo. De acordo com o sindicato que reúne os servidores do Poder Judiciário, a arraia miúda, pelo menos 160 magistrados sergipanos furaram o teto constitucional, em setembro.

Não se trata aqui de picuinhas contábeis, mas de supersalários. Convém lembrar os desavisados que o teto do funcionalismo é fixado pelo salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Na prática, há juízes sergipanos favorecidos com vencimentos maiores do que aquele devido ao próprio presidente da República.

Segundo o Sindijus, foram emitidos contracheques acima do teto salarial para 160 magistrados. Um desembargador chegou a receber sozinho a dinheirama imoral de R$ 130.106,71.

A farra com o dinheiro público, no entanto, não parou por aí. Dezenas de altos cargos de confiança (CCs), titulares e incorporados, também ultrapassaram o teto em setembro. Um destes CCs recebeu a bolada de R$ 72.864,81.

É sabido que os gordos vencimentos dos magistrados são inflados por toda a sorte de penduricalhos. Ao contrário de todo trabalhador, os meritíssimos gozam de benefícios relacionados a despesas médicas, alimentação e a educação de dependentes. Seja qual for a desculpa apresentada para justificar a burla do teto constitucional, portanto, o certo é que os privilégios da toga zombam da desigualdade, dos apelos relacionados ao rigor fiscal e o emprego justo dos recursos públicos.