Operários da construção civil bloqueiam o trânsito na Avenida Ivo do prado, em frente à Assembleia
Trabalhadores da construção civil decretam greve
Publicado em 14 de maio de 2013
Por Jornal Do Dia
Milton Alves Júnior
miltonalvesjunior@jornaldodiase.com.br
De braços cruzados e reivindicando um reajuste salarial de 15%, trabalhadores da construção civil deflagraram greve geral por tempo indeterminado na Grande Aracaju. Acusando os donos de empresas de não abrir rodadas de negociações junto aos servidores, a direção do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Sergipe (Sintracon) informou que o pleito dos trabalhadores é composto também por reivindicação do auxílio cesta básica no valor de R$ 150 e plano de saúde que atenda, principalmente, as periculosidades da profissão. Segundo o sindicato, dos 28 mil profissionais que atuam neste ramo, 60% já aderiram à paralisação.
Insatisfeitos com a proibição do uso de mini trio, centenas de manifestantes fecharam a avenida Rio Branco, em frente à Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe, e contribuíram para um congestionamento superior a três quilômetros de ambas as vias. "Até parece que perdemos o direito de expor a nossa insatisfação. Barrar o uso desse trio é a mesma coisa que tentar calar a boca de todos os companheiros que aqui estão", disse o técnico em engenharia Jorge Alvin. Além dos trabalhadores que realizam serviços na Grande Aracaju, outros municípios também aderiram a paralisação. Entre eles, Moita Bonita, Itabaiana e Nossa Senhora da Glória.
Fiscalizados de longe por policiais da Tropa de Choque da Polícia Militar, os trabalhadores desocuparam as vias e seguiram para a Praça Fausto Cardoso após um acordo feito com agentes da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT). "Não aceitamos o reajuste dos patrões que foi de 5,84%. Eles retroagiram e também não aceitaram oferecer uma cesta básica como benefício ao trabalhador. Sergipe tem um dos imóveis mais caros do Brasil e um dos salários mais baixos para o trabalhador", disse o sindicalista Agilson Leite.
Em negociação há mais de dois meses, o ato também tinha por objetivo pedir o apoio dos clientes das construtoras. Segundo o vice-presidente da Força Sindical, Alexandre Delmondes, a participação de cada popular é essencial para o sucesso do pleito. "Temos brigado para negociar, mas a classe patronal tem dito não aos trabalhadores. É justamente por isso que pedimos encarecidamente o apoio de todos. Todos estes trabalhadores realizam as funções de forma coerente e a cobrança por parte dos clientes vai ajudar aos patrões resolverem logo esse impasse", garantiu.
A fim de dar sequência a serie de atos, para essa semana está sendo elaborada uma planilha de manifestações. A perspectiva é que na tarde de hoje a assessoria de comunicação do sindicato divulgue as datas, locais e horários.
Comunicado – Através de nota oficial o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon/SE) informou que: "Nos últimos cinco anos tem sido sensível e justo quanto às reivindicações dos trabalhadores, tendo neste período, concedido um aumento de 65,89% para os profissionais, o que representa um ganho real de 34,01% sobre a inflação oficial. As negociações coletivas com o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção do Estado de Sergipe iniciaram em janeiro, e tendo analisado as reivindicações, foram realizadas duas reuniões de mediação na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego e mais duas reuniões na sede do Sinduscon-SE, cujas negociações evoluíram. Na terceira reunião agendada, os membros da Comissão de Negociação do Sinduscon foram surpreendidos com o retrocesso de tudo o que havia sido negociado em relação a percentual de aumento salarial e com uma atitude não condizente da comissão de negociação do sindicato. Com uma reunião de mediação marcada para o último dia 10, dois dias antes fomos novamente surpreendidos por um ofício comunicando a declaração de greve geral a partir do dia 13/05/2013, antes mesmo de se tentar mais uma rodada de negociações. Embora entendamos ser legítimo aos trabalhadores exercerem o seu direito de greve, o Sinduscon considera esta atitude inoportuna".