Quinta, 25 De Abril De 2024
       
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10 anos sem Amy Winehouse


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Publicado em 28 de julho de 2021
Por Jornal Do Dia


Flamejante

 

* Rian Santos
Amy Winehouse par
tiu desta para me
lhor há bons dez anos. Naquele dia 23 de julho, a cantora inglesa sucumbiu ao peso da fama e da própria imaturidade. De tudo o que cantou e viveu, até o fim, no entanto, restou a imagem deformada de uma artista aos tropeços, rasgando a própria garganta à beira do abismo, para deleite do populacho.
Ainda não há registro biográfico à altura do trabalho e da artista em carne e osso. O filme indicado ao Oscar de melhor documentário não fez justiça ao seu trabalho. Apesar dos aplausos irrefletidos amealhados mundo afora, ‘Amy’ (2015), de Asif Kapadia, não vai muito além do farto material produzido antes por tablóides e o sub jornalismo de celebridades. Os escândalos regados a muita birita e heroína, a ruína progressiva da artista, são os únicos interesses manifestos da direção. De música, pouco se fala.
Duas horas de entrevistas, imagens de arquivo e depoimentos edulcorados. Nada que os urubus a serviço da imprensa marrom já não tivessem relatado com o mesmo apetite. A Amy, pouco lhe valeu a voz educada no melhor da tradição Jazz. Da sensibilidade fermentada na música negra americana, sobrou uma caricatura junkie – rasa e tão fascinante, é preciso admitir, quanto um personagem de ficção barata.
Alguns discos pagam uma vida inteira de atropelos. ‘Back to black’ (2006), cujo sucesso deve ser atribuído também ao produtor Mark Ronson e a banda The Dap-Kings, é desses. Mas para o filme de Kapadia e a memória do prezado público o registro rendeu um Grammy para uma artista em crise de abstinência tóxica. E pronto.
Entre todos os efeitos perversos provocados pela cultura de celebridade em voga nesses dias confusos, reflexo de um ambiente adoecido (salve, Flavio Antonini!), a apreciação deformada do exercício artístico talvez esteja entre os mais danosos. A pertinência de parâmetros e referências sucumbiu aos algorítimos das redes sociais. Por isso ‘Amy’ foi aplaudido no Oscar. Apesar de não iluminar, nem por um breve momento, a flamejante discografia da biografada.
* Rian Santos, jornalista.

* Rian Santos

Amy Winehouse par tiu desta para me lhor há bons dez anos. Naquele dia 23 de julho, a cantora inglesa sucumbiu ao peso da fama e da própria imaturidade. De tudo o que cantou e viveu, até o fim, no entanto, restou a imagem deformada de uma artista aos tropeços, rasgando a própria garganta à beira do abismo, para deleite do populacho.
Ainda não há registro biográfico à altura do trabalho e da artista em carne e osso. O filme indicado ao Oscar de melhor documentário não fez justiça ao seu trabalho. Apesar dos aplausos irrefletidos amealhados mundo afora, ‘Amy’ (2015), de Asif Kapadia, não vai muito além do farto material produzido antes por tablóides e o sub jornalismo de celebridades. Os escândalos regados a muita birita e heroína, a ruína progressiva da artista, são os únicos interesses manifestos da direção. De música, pouco se fala.
Duas horas de entrevistas, imagens de arquivo e depoimentos edulcorados. Nada que os urubus a serviço da imprensa marrom já não tivessem relatado com o mesmo apetite. A Amy, pouco lhe valeu a voz educada no melhor da tradição Jazz. Da sensibilidade fermentada na música negra americana, sobrou uma caricatura junkie – rasa e tão fascinante, é preciso admitir, quanto um personagem de ficção barata.
Alguns discos pagam uma vida inteira de atropelos. ‘Back to black’ (2006), cujo sucesso deve ser atribuído também ao produtor Mark Ronson e a banda The Dap-Kings, é desses. Mas para o filme de Kapadia e a memória do prezado público o registro rendeu um Grammy para uma artista em crise de abstinência tóxica. E pronto.
Entre todos os efeitos perversos provocados pela cultura de celebridade em voga nesses dias confusos, reflexo de um ambiente adoecido (salve, Flavio Antonini!), a apreciação deformada do exercício artístico talvez esteja entre os mais danosos. A pertinência de parâmetros e referências sucumbiu aos algorítimos das redes sociais. Por isso ‘Amy’ foi aplaudido no Oscar. Apesar de não iluminar, nem por um breve momento, a flamejante discografia da biografada.

* Rian Santos, jornalista.

 

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