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A freada no emprego formal em 2022


Publicado em 03 de fevereiro de 2023
Por Jornal Do Dia Se


Clovis Scherer

Os dados do Novo Caged mostraram que em 2022 foram gerados pouco mais de 2 milhões de postos de trabalho celetistas. Os números foram publicados pelo Ministério do Trabalho com base nas informações fornecidas pelas empresas ao utilizarem o sistema E-social, principalmente, e refletem as contratações de trabalhadores no regime da CLT. Os grandes números são: contratação de 22,6 milhões de empregados e a dispensa de 20,6 milhões, com saldo de 2,0 milhões empregos. O resultado para o ano pode ser considerado bom, mas ele não deixa de emitir sinais de alerta, a começar por ser menor do que os 2,8 milhões de empregos criados em 2021.
Além do ano passado fechar com números inferiores aos de 2021, os dados de dezembro registraram a perda de 431 mil empregos formais. É normal que nos meses de dezembro o Novo Caged aponte saldos negativos entre as admissões e as demissões de trabalhadores, pois é quando são computados os ajustes que as empresas fazem em suas folhas de pagamento, a demissão de temporários e, inclusive, as empresas que simplesmente encerram suas atividades. Assim, as admissões costumam ser menores e as demissões, maiores.
O que chama a atenção nesse último mês, porém, foi o tombo muito maior do que o verificado no mesmo período de 2021, quando o saldo negativo ficou em 293 mil. Aliás, é o pior resultado para um mês de dezembro desde 2016, ano em que a economia estava em recessão.
Na verdade, olhando o que veio acontecendo nos últimos meses nota-se que o número mensal de novas contratações passou de 2,1 milhões, em agosto, para apenas 1,3 milhões, em dezembro. Enquanto isso, as demissões mantiveram-se na casa dos 1,7 milhões a cada mês, subindo para 1,8 milhões em dezembro.
O comportamento do mercado de trabalho no último quadrimestre parece confirmar a percepção de que a economia está esfriando, como se vislumbra em outros indicadores econômicos. E não é por menos, afinal, a política de juros altos adotada pelo Banco Central visa exatamente frear a economia como forma de combater a inflação. O custo disso, porém, costuma recair sobre o nível de produção, de emprego e de salários. As medidas que o governo anterior adotou para melhorar a economia antes das eleições, colocando dinheiro em circulação, por sua vez, se esgotaram rapidamente. Assim, o que poderia ter sido um ano de retomada mais potente do emprego, a ponto de compensar os vários anos de crise recessiva e de pandemia, não se concretizou pelas escolhas da política econômica.
A junção desses dois fatores faz a situação atual entrar em sinal de alerta. Se o ritmo de geração de novos empregos formais continuar a diminuir, pode atingir um nível insuficiente para atender aos jovens que ingressam no mercado de trabalho e tirar os muitos milhões que ainda não conseguiram um emprego. Até aqui esse processo ajudou a reduzir a taxa de desemprego e, também, de estancar o elevadíssimo grau de informalidade que se viu na esteira da crise da pandemia de Covid. Mas ambos os indicadores ainda são muito elevados no país e podem retomar sua trajetória de crescimento a depender das escolhas de políticas econômicas e de políticas de trabalho, emprego e renda.

Clovis Scherer, economista do DIEESE e assessor da CUT no Grupo de Apoio do Conselho Curador do FGTS

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