A MORTE DE UM ÍCONE E O PROPÓSITO DA MÍDIA
Publicado em 19 de maio de 2022
Por Jornal Do Dia Se
Rômulo Rodrigues
A poucos dias atrás o show midiático da Rede globo de Televisão foi interrompido com o registro da morte do jornalista Alberico de Souza Cruz, um dos todos poderosos diretor geral de jornalismo do império, que substituiu o reverenciado pela simpatia Armando Nogueira e foi substituído pelo terrível Ali Kamel, que reina absoluto até os dias atuais.
Pelo que temos vivo na memória foi nos reinados de Alberico e Kamel o que definiu Noam Chomsky como o propósito da mídia: “O propósito da mídia não é informar o que acontece, mas sim o de moldar a opinião pública de acordo com a vontade do poder corporativo dominante”.
De certeza, o que sempre fizeram e fazem é o uso constante da poderosa arma de distorcer a realidade dos fatos, pelo simulacro, inversão de demanda e tangenciamento do que deveria ser noticiado.
No funério do ex-diretor o Jornal Nacional e os seguintes capricharam no que moldaram como registros marcantes da atuação do jornalista, em coberturas internacionais como repórter e diretor, como no noticiário da guerra do Golfo, que hoje sabemos que foi uma grande farsa.
Desde sua ascensão como jornalista e diretor de jornalismo no interior de Minas Gerais até o topo do jornalismo global foi realmente uma carreira brilhante na arte de servir ao patrão Roberto Marinho, culminando com a criminosa distorção do debate do segundo turno presidencial entre Fernando Collor de Melo e Luiz Inácio Lula da Silva em dezembro de 1989, que simplesmente alterou o resultado da então, mais importante eleição da República, fato omitido no funério pelo Jornalismo global.
O clamor do povo durante aquela épica jornada era: “Brasil urgente, queremos eleger o presidente” que a Globo sufocou com suas distorções assim como já havia sufocado a de 1984, refletida na tirinha do Henfil que dizia: “Não me venham com indiretas”.
Ocorre que as falcatruas e malversações das notícias pelo império que comanda o partido midiático, não coisas desse ou daquele jornalista obediente, faz parte da própria essência de acumulação de poder de quem aderiu ao projeto militar instalado no Brasil, passando de um jornal de segunda para porta voz oficial do regime de terror e na sequência, do mercado e do neoliberalismo em ascensão.
Uma prova cabal é que o atual todo poderoso Ali Kamel escreveu um livro de A a Z sobre o presidente Lula em 2010, e numa página da letra M, relatou que o presidente havia dito que na casa dele quem cuidava das finanças, desde a época do sindicato, era dona Marisa, e anos depois, quando repetiu o fato num depoimento ao ex-juiz ladrão em Curitiba, toda sua equipe de jornalismo fez escárnio do depoente e ele foi incapaz de chamar o feito à ordem.
Neste momento, não há como omitir que Lula lidera todas as pesquisas de preferências dos votantes em todos os estados, chegando muito próximo de atingir os 56 milhões de votos para vencer a eleição no primeiro turno em 2 de outubro, como indicam as sondagens de estado por estado, que são mais precisas que as nacionais, derrotando assim, o partido militar que é a reencarnação do fascismo no Brasil.
O mundo precisa do Brasil para que haja uma autoridade desfraldando a bandeira da paz; o Brasil precisa que Lula seja eleito no primeiro turno para comandar uma ampla reconstrução econômica, social e humanitária e, com isso fazer renascer nos corações e mentes dos brasileiros, a chama da esperança.
Mesmo sabendo de tudo isso, o partido midiático, através de Eliane Catanhede, Vera Magalhães e toda a corja dos telejornais tentaram baldear a água da alegria do casamento de Lula e Janja condenando e espontaneidade da noiva, do número de convidados e do preço de R$ 90,00 da garrafa de vinho.
Uma dela chegou ao absurdo de fazer um comparativo com a ex-primeira dama, Ruth Cardoso, fazendo-a referência ao estilo sóbria e capacidade intelectual, coisa que a atual primeira dama também tem.
Debochar da alegria de Janja, é esquecer o grande exemplo de sobriedade de Mariza Letícia e que Ruth Cardoso, com toda sua elegância, engoliu calada as traições do marido, que teve uma filha fora do casamento, com uma correspondente internacional da Globo.
Rômulo Rodrigues, sindicalista aposentado, é militante político.