A REPÚBLICA FOI BOMBARDEADA E SE MANTEVE DE PÉ
Publicado em 12 de janeiro de 2023
Por Jornal Do Dia Se
Rômulo Rodrigues
No oitavo dia após a posse do presidente Lula para seu terceiro mandato na presidência da República, os que habitam no monturo do lixo da história resolveram espalhar o seu chorume pelos espaços consagrados aos pilares da Democracia, produzido pelos resíduos não recicláveis, um composto formado de bolsonaristas fascistas, fascistas P.O. e descerebrados que se autoproclamam neutros; os apolíticos, que são os piores.
Os episódios de domingo dia 8, deixaram rastros nítidos de que aquela massa arrebanhada para a missa encomendada contava com parcelas muito bem treinadas ideologicamente e militarmente.
Um dos sinais mais evidente do treinamento ideológico está na quebra das cadeiras do STF e do Palácio do Planalto, onde inclusive, foi vulgarizado o Brasão da República.
As cadeiras do acervo do Patrimônio Histórico Nacional foram projetadas pelo arquiteto e designer, naturalizado brasileiro, Jorge Zalzupin, um judeu sobrevivente do holocausto.
Entre os quase 5 mil terroristas estava o capitão reformado da marinha José Wilmar Fortuna do ministério da defesa, comandado por um general de 4 estrela do exército e Wallace França, ex-delegado de Mato Grosso do Sul e policial legislativo do senado federal, atestando a participação intensiva dos estamentos coercitivos do Estado brasileiro em todas as fases da preparação e tentativa do golpe de estado.
A presença deste oficial militar na baderna de domingo, puxa na lembrança o episódio de um capitão do exército disfarçado e no comando dos baderneiros de preto nas manifestações de junho de 2013, quebrando vidraças e invadindo prédios públicos e privados.
Os episódios de terror explícito, nas proporções que tomaram, deixam claro que houve uma participação muito forte de seguimentos do exército que acolheram os terroristas acampados em seus territórios com a máxima benevolência.
Como bem disse Bertolt Brecht, que a cadela do fascismo está sempre no cio, nos canis militares a excitação golpista foi sempre visível e precisa ser combatida pelo engajamento da sociedade civil, em manifestações de massa que questionem a utilidade deste monstro ameaçador da Democracia chamado Forças Armadas, que custa a bagatela de R$ 120 bilhões anuais, para querer ser poder moderador e guardião da Constituição Federal, quando não passam de eternos gorilas a serviço da ganância do mercado.
Foram surpreendidos com a reação firme do presidente Lula ao decretar intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal, dizendo um “Não” incisivo e com rispidez ao babaca do ministro José Múcio” passivo ante a estapafúrdia proposta de GLO emanada do comando geral militar onde os acampados terroristas faziam festa.
Lula fez um gol de placa ao conquistar a vitória no 5º turno eleitoral, afirmando que o Brasil tem direção e não é mais o cabaré militarista do gigolô Bolsonaro.
Um dos pontos de maior gravidade foi a revelada operação de sabotagem na contenção dos atos de vandalismo comandados pelo então secretário de segurança pública do Distrito Federal, Anderson Torres, que foi ministro da justiça do governo militarista de Jair Bolsonaro, que já está com prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes.
É muito suspeito que os comandos do exército estejam protelando a quebra do sigilo de 100 anos do general Pazzuello, que pode trazer a público o que ficou muito evidente na CPI da Covid-19, cujo atraso na compra de vacinas, com proposta de comissão de US$ 1 por dose de vacina, pode ter causado mortes de mais de 400 mil pessoas.
As respostas dos poderes que são os pilares da República teem aprovação de 90% da população brasileira e não podem ficar apenas nos aplausos e manifestações de apoio.
É preciso que tomemos as ruas para dizer que ditadura nunca mais; que não se caia mais nas armadilhas de anistiar criminosos militares e civis e se reafirme para sempre que o poder é da sociedade civil organizada, e não dos militares.
Rômulo Rodrigues, sindicalista aposentado, é militante político.