Audiências sobre Chacina do Huse começam hoje
Publicado em 11 de julho de 2012
Por Jornal Do Dia
Começam hoje a ser realizadas as audiências de instrução do processo que apura a "Chacina do Huse", ocorrida em 27 de abril deste ano, quando três homens foram mortos a tiros dentro da Ala Verde do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), no bairro Capucho (zona oeste). Ao todo, estão programadas quatro audiências até o dia 19, ao longo das quais serão ouvidos os quatro réus arrolados no processo e todas as mais de 20 testemunhas indicadas pelas bancas de acusação e defesa. Ambas serão conduzidas pela juíza Soraia Gonçalves de Melo, da 8ª Vara Criminal de Aracaju, onde tramita o processo.
A primeira delas acontece a partir das 8h de hoje no Fórum Gumercindo Bessa, no Centro Administrativo do Capucho. É aguardada a presença dos dois réus que ainda estão detidos no Presídio Militar de Aracaju: o tenente PM Genilson Alves de Souza e o soldado PM Jean Alves de Souza. Outros dois réus, o guarda municipal Ginaldo Alves de Souza e agente socioeducativo Ralph Souza Monteiro, foram soltos em 26 de junho por força de habeas-corpus, mas assinaram uma certidão comprometendo-se a comparecer às audiências. O local terá a sua segurança reforçada por policiais militares, por conta da presença dos réus e de um clima que promete ser tenso entre amigos e familiares de vítimas e de acusados.
Pessoas ligadas aos Alves de Souza, que são irmãos, argumentam firmemente que todos agiram em legítima defesa e que os três pacientes mortos (Adalberto Santos Silva, 20 anos, Cledson Silva Santos, 21, e Márcio Alberto Silva Santos, 33) têm passagem pela polícia e estão envolvidos na morte do padeiro Jailson Alves de Souza, 32 anos, baleado horas antes da chacina em um tiroteio na Avenida Santa Gleide, no bairro São Carlos (zona oeste). As famílias dos mortos contestam duramente a acusação, afirmando que eles não eram bandidos e apenas aguardavam atendimento no hospital. Teme-se, nos bastidores, que o primeiro encontro entre esses dois grupos acirre os ânimos e provoque algum incidente.
Uma reconstituição da chacina chegou a ser pedida pelo Ministério Público e até marcada para acontecer no Huse, mas foi suspensa dias depois pela própria 8ª Vara, por entender que a reconstituição iria e prejudicar o atendimento aos pacientes que precisarem do pronto-socorro, já que boa parte dele seria interditada. A Justiça aguarda o termino da instrução do processo para decidir se os quatro réus serão ou não mandados para júri popular. Eles são processados por homicídio qualificado e, pela soma das três mortes, cada um poderá ser condenado a até 90 anos de prisão. (Gabriel Damásio)