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Bolsonaro e os “paraíbas”
Publicado em 05 de fevereiro de 2022
Por Jornal Do Dia Se
Ao fim de seu mandato, o presidente Jair Bolsonaro pouco conhece do Brasil. E, como todo ignorante, toma por fato o que não passa de preconceito. Para Bolsonaro, o país inteiro está encerrado em bolsas de privilégio, como o condomínio Vivendas da Barra, onde possui imóvel, no Rio de Janeiro. Frequentador das praias mais badaladas, afeito a brinquedos caros, Bolsonaro tem um noção distorcida da realidade. E, assim, confunde simplicidade com a falta de modos e os nordestinos com os migrantes dos livros de história, os desterrados pela seca.
Última quinta-feira, Bolsonaro ficou irritado com a demora de seus assessores para responder uma pergunta e os chamou de “pau de arara”, durante uma transmissão ao vivo. Referia-se, assim, por meio de uma expressão depreciativa, a assessores nordestinos. Espontâneo feito um quadrúpede, o presidente se comunica com patadas.
Para Bolsonaro, o nordeste é uma espécie de abstração, uma terra de esfomeados. Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Piauí e Sergipe seriam um reduto de tudo o quanto é atrasado e improdutivo, um peso morto. Pouco depois de tomar posse, durante reunião ministerial, Bolsonaro deixou claro como trataria as demandas da região: “Para os paraíbas, nada!”.
Não é por acaso que Bolsonaro não simpatiza com o nordeste, onde recebeu votação minguada. No fundo, tamanho preconceito é alimentado por um misto de despeito e medo. Basta lembrar que o ex-presidente Lula, franco favorito nas próximas eleições, migrou do nordeste com a família, ainda criança. E depois se tornou a maior liderança política do Brasil.