Campeão de mortes

Entra ano, sai ano, a polícia sergipana é lembrada pela truculência, em detrimento da inteligência. Operação realizada ontem, em Lagarto, é exemplar de como age o braço armado do estado.
O objetivo da operação realizada pela polícia militar era relativamente simples: localizar um ponto de venda de drogas. O saldo, no entanto, depõe contra o método empregado: um suspeito preso e três defuntos. Nenhum policial foi ferido.
As circunstâncias talvez nem cheguem a ser devidamente apuradas, com o rigor exigido pela Lei. De acordo com a PM, policiais receberam a denúncia de comercialização de drogas durante uma ronda. Ao chegarem ao local, homens armados foram flagrados e receberam voz de prisão, como tinha de ser feito. O desfecho da abordagem, no entanto, deixa margem para questionamentos.
A polícia sergipana dispara a torto e direito. Eis o que sugere levantamento realizado pelo Monitor da Violência, a partir dos casos de confronto policial seguidos de morte notificados ao longo de 2021. De acordo com os dados oficiais, há poucos lugares no Brasil onde conflitos com a ordem são resolvidos no calor da bala com tanta frequência, como em Sergipe. O estado foi o segundo estado com o maior número de mortes durante confrontos policiais no ano de 2020. A operação em Lagarto sugere que o pódio da violência segue no horizonte.