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Cheiro de golpe
Publicado em 26 de abril de 2022
Por Jornal Do Dia Se
O Exército brasileiro, assim como o conjunto das Forças Armadas, foi tragado pelo vórtice da disputa política – obra e graça do presidente Bolsonaro. Eis, em síntese, o que afirmou o ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, em evento promovido por uma universidade alemã. Embora não tenha feito menção explícita ao nome do presidente, a sucessão dos fatos aponta o sujeito do enunciado. Um episódio atrás do outro, o clima de insegurança institucional e democrática ganha corpo, sob a guarda de soldados armados.
Não era sem razão que muitos temiam a militarização do governo federal. No governo Bolsonaro, generais sem qualquer competência técnica passaram a ocupar cargos chave, com prejuízo das políticas públicas. Ainda mais grave, no entanto, é a ameaça que paira sobre as eleições vindouras. Há sinais preocupantes de que a vontade soberana do povo brasileiro, o resultado das urnas, talvez não seja reconhecida se Bolsonaro for derrotado, como apontam todas as pesquisas de intenção de voto.
A cada nova declaração do presidente, a sombra do arbítrio ganha volume e se projeta sobre a cabeça dos brasileiros, mais densa. Após conceder o perdão presidencial ao deputado André Silveira, um criminoso julgado e condenado, Bolsonaro já fala abertamente em ignorar decisões do Supremo, a exemplo de eventual revisão do marco temporal.
O pendor autoritário do presidente Jair Bolsonaro é fato de conhecimento público, fartamente ilustrado por declarações escandalosas, gestos impudicos, disputas inconsequentes. Eleito por meio de processo legítimo, o chefe do executivo federal faz de tudo para esticar a corda, inconformado com os limites constitucionais impostos ao próprio poder de mando. Isso tudo com a colaboração cada vez mais declarada do Exército e o silêncio cúmplice das demais Armas. Resultado: Há cheiro de golpe no ar.