Comida na mesa

O recuo no preço dos alimentos e bebidas ajudou a inflação a pesar menos no bolso das famílias de baixa renda nos últimos 12 meses, em comparação com os lares de renda média e alta. Eis aqui um dado coerente com o propósito declarado pelo governo de turno, qual seja o de enfrentar desigualdades e promover justiça social.
A constatação faz parte do Indicador de Inflação por Faixa de Renda do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado ontem. Enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou em 5,19%, a inflação para as famílias com renda muito baixa foi de 3,9%. Nos lares com rendas média-alta e alta, a inflação acumulada em 12 meses ficou em 5,95% e 6,41%, respectivamente.
Tanto na inflação acumulada de 12 meses quanto na de setembro, o custo dos alimentos foi o item que mais aliviou o peso no orçamento dos mais pobres. São quatro meses seguidos de recuo.
Já passava da hora de a inflação pesar menos nos bolsos furados dos trabalhadores de renda mais modesta – grande parte dos brasileiros, aliás. Esse dado, somado à ampliação dos programas de transferência de renda, longe de negar a fome, como foi feito por anos a fio em governo passado, encara o problema de frente.