Quinta, 28 De Março De 2024
       
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Devinho Novaes e Cia Ltda


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Publicado em 09 de junho de 2021
Por Jornal Do Dia


Sucesso descartável

 

* Rian Santos
Eu poderia fechar os 
olhos para a presen-
ça dos ímpios na programação do Forró Caju. Queira ou não queira, a justa distribuição de recursos entre os trabalhadores mais afetados pela imposição do isolamento social é um imperativo da crise sanitária em curso. Em verdade, no entanto, a desfeita aos santos de junhos é recorrente, anterior à pandemia. O palco erguido pela Prefeitura de Aracaju sempre foi tão democrático quanto uma grande emissora comercial de rádio FM.
Tenho alvos declarados. O peixe miúdo dos teclados de boteco, operários da cultura de massa, passa longe de minha mira. O mau gosto inculcado pelos donos da grana no juízo do populacho, ao contrário, merece o repúdio de toda a gente. Wesley Safadão, Devinho Novaes e Cia Ltda. não têm estatura, nem gogó, para dividir o palco com a realeza do forró. Mas todo ano lavam a jega, com a cumplicidade irresponsável do poder público – responsável por um investimento vultoso na depravação da Cultura popular grafada a ferro e fogo na sensibilidade coletiva, em letras maiúsculas.
Arquivo de jornalista não falha. Consta que Wesley Safadão se envolveu em rumoroso escândalo fiscal relacionado com a fortuna recebida no São João de 2016, quando o sujeito lucrou o próprio peso em barras de ouro por se esgoelar em Sergipe. O Ministério Público Federal cobrou explicações sobre a diferença exorbitante do cachê cobrado pelo cantor de um dia para o outro, nação nordestina afora. Em um município, o show custou R$ 195 mil. No outro, o custo da apresentação realizada algumas horas depois pulou para quase R$ 600 mil. Mesmo considerando uma eventual flutuação, em função da agenda do cantor, a discrepância é flagrante, sugere a prática de superfaturamento. 
Devinho, por sua vez, subiu ao palco para encerrar a última edição do Forró Caju, realizada num já distante 2018, no embalo de um único "sucesso". Tento lembrar o refrão pegajoso, reproduzido até o limite da exaustão pelas principais rádios da cidade, mas não tem jeito. Poucos anos depois, a música foi relegada ao completo esquecimento.
Metido à besta como sou, passo a vista sobre a programação do Forró Caju Em Casa, a ser transmitidos pelos canais da Prefeitura nas redes sociais. A iniciativa, em si, merece todos os aplausos. Trata-se de manter a fogueira da tradição acesa, apesar de todos os pesares, ainda que de modo virtual. Há, ali, entretanto, uma minoria estridente, composta por dez cantores de arrocha. Só não lhes atiro ovos podres em nome da pandemia – que já tirou o sustento de muita gente,
* Rian Santos, jornalista.

* Rian Santos

Eu poderia fechar os  olhos para a presen- ça dos ímpios na programação do Forró Caju. Queira ou não queira, a justa distribuição de recursos entre os trabalhadores mais afetados pela imposição do isolamento social é um imperativo da crise sanitária em curso. Em verdade, no entanto, a desfeita aos santos de junhos é recorrente, anterior à pandemia. O palco erguido pela Prefeitura de Aracaju sempre foi tão democrático quanto uma grande emissora comercial de rádio FM.
Tenho alvos declarados. O peixe miúdo dos teclados de boteco, operários da cultura de massa, passa longe de minha mira. O mau gosto inculcado pelos donos da grana no juízo do populacho, ao contrário, merece o repúdio de toda a gente. Wesley Safadão, Devinho Novaes e Cia Ltda. não têm estatura, nem gogó, para dividir o palco com a realeza do forró. Mas todo ano lavam a jega, com a cumplicidade irresponsável do poder público – responsável por um investimento vultoso na depravação da Cultura popular grafada a ferro e fogo na sensibilidade coletiva, em letras maiúsculas.
Arquivo de jornalista não falha. Consta que Wesley Safadão se envolveu em rumoroso escândalo fiscal relacionado com a fortuna recebida no São João de 2016, quando o sujeito lucrou o próprio peso em barras de ouro por se esgoelar em Sergipe. O Ministério Público Federal cobrou explicações sobre a diferença exorbitante do cachê cobrado pelo cantor de um dia para o outro, nação nordestina afora. Em um município, o show custou R$ 195 mil. No outro, o custo da apresentação realizada algumas horas depois pulou para quase R$ 600 mil. Mesmo considerando uma eventual flutuação, em função da agenda do cantor, a discrepância é flagrante, sugere a prática de superfaturamento. 
Devinho, por sua vez, subiu ao palco para encerrar a última edição do Forró Caju, realizada num já distante 2018, no embalo de um único "sucesso". Tento lembrar o refrão pegajoso, reproduzido até o limite da exaustão pelas principais rádios da cidade, mas não tem jeito. Poucos anos depois, a música foi relegada ao completo esquecimento.
Metido à besta como sou, passo a vista sobre a programação do Forró Caju Em Casa, a ser transmitidos pelos canais da Prefeitura nas redes sociais. A iniciativa, em si, merece todos os aplausos. Trata-se de manter a fogueira da tradição acesa, apesar de todos os pesares, ainda que de modo virtual. Há, ali, entretanto, uma minoria estridente, composta por dez cantores de arrocha. Só não lhes atiro ovos podres em nome da pandemia – que já tirou o sustento de muita gente,

* Rian Santos, jornalista.

 

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