Euler Lopes, escritora

Um bom escritor, uma boa escritora, sob condições adversas, precisa fazer de si mesmo o seu maior personagem. Para fazer frente à crise da hora atual, o imediatismo derivado do algoritmo, Euler Lopes, por exemplo, flerta o tempo inteiro com a arte da performance.

Mariconas, o primeiro romance de Euler, será lançado em três sessões, durante um passeio de tototó. Em outras praças, mais bem povoadas de leitores, talvez, o livro foi entregue aos interessados em ambientes próprios ao culto arcaico da leitura. Aqui, impressão minha, é necessário ultrapassar as páginas, o projeto gráfico, os textos de apresentação, as lombadas, a própria linguagem literária, é necessário fazer do lançamento um evento.

Fazer da vida espetáculo, convém sublinhar, não é recurso estranho à experiência profissional de Euler. Cria do Teatro, com vasta produção em dramaturgia, ela vem rebolando para transformar o tédio em melodia, há tempos. Inédita, até agora, era a publicação de um romance.

Euler já se dispôs a ler trechos de livros à beira do Rio Sergipe, já perambulou de mãos dadas com o prezado público pelo Centro de Aracaju, já atacou de blogueirinha Instagram. Escritora desde sempre, ela finalmente assina um romance.

Chegará o momento de voltar a atenção para Mariconas, a obra em si. Por hora, celebre-se de antemão a coragem de Euler, a disposição de enfrentar a brevidade dos dias munido de palavras e pensamento. Morro de inveja. Afirmar-se com a escrita nunca foi para qualquer um.

16 de agosto, no Tototó Sergipe Star (15h, 17h, 18h).