Marcélio Bonfim ao lado da presidente da Assembleia, deputada Angélica Guimarães
Ex-preso político recebe homenagem
Publicado em 07 de maio de 2013
Por Jornal Do Dia
Em sessão bastante prestigiada, a Assembleia Legislativa concedeu, no início da noite desta segunda-feira, a Medalha da Ordem do Mérito Parlamentar ao ex-vereador de Aracaju Marcélio Bonfim Rocha. A entrega da mais alta comenda da Assembleia Legislativa foi uma propositura do deputado estadual Garibalde Mendonça (PMDB). O plenário e as galerias da Casa ficaram lotados por convidados que fizeram questão de prestigiar a solenidade.
A sessão especial foi comandada pela presidente da Casa, deputada Angélica Guimarães (PSC), que fez a entrega da medalha ao homenageado. Na oportunidade, Marcélio foi saudado de pé pelos presentes. O cantor Minho San Liver, na tribuna da Casa, entoou o hino do PCB, durante a solenidade, sendo seguido pelos demais colegas de partido presentes.
Entre os presentes, o vice-governador do Estado, Jackson Barreto, representando o governador Marcelo Déda; José Carlos Machado, representando o prefeito João Alves Filho; Moacir Mota, representando o Ministério Público estadual; o vereador Emmanuel Nascimento, representando a Câmara de Vereadores de Aracaju; o ex-governador Albano Franco; o ex-prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira; militantes do Partido dos Trabalhadores e Partido Comunista, vereadores, ex-vereadores, companheiros que com ele lutaram contra a ditadura militar, como Milton Coelho e Bittencourt, além de familiares, amigos e quase todos os deputados estaduais.
O deputado Garibalde fez o discurso de saudação ao homenageado. Ele destacou a importância de Marcélio Bonfim para a política sergipana e para a redemocratização do país. "Ele foi uma das pessoas que lutaram contra a ditadura militar e nosso país e pela democratização do Brasil. Foi preso, torturado, juntamente com alguns companheiros sergipanos. É uma pessoa que privou até de sua vida familiar, tendo, inclusive, que passar três anos na Rússia, na época da ditadura", ressaltou.
Visivelmente emocionado, Marcélio Bonfim agradeceu aos presentes. Logo no início da sua fala, ele informou que recebeu um telefonema do governador Marcelo Déda, dizendo que queria estar presente à solenidade, mas não podia, pois estava em São Paulo, em tratamento de saúde. Mas Marcélio fez questão de afirmar que a medalha que recebia da Assembleia Legislativa era uma homenagem não apenas a ele, mas a toda uma geração, da qual Marcelo Déda fazia parte.
O homenageado disse que dividia a medalha recebida com inúmeros e inesquecíveis companheiros, alguns ainda vivos e outros já em outro plano. Com lágrima nos olhos, Marcélio Bonfim disse que mexer nesse baú de lembranças do período do golpe militar não era fácil. Mas um momento que requer controle emocional. "Mas as novas gerações precisam tomar conhecimento do que aconteceu em nosso país, principalmente nos anos de chumbo de 1964 a 1984. A nobreza do momento está na história dessa geração. Assim sendo, aqui sou simplesmente um narrador de uma pequena parte dessa história de luta e resistência", declarou.
Em seu discurso, Marcélio Bonfim relembrou um pouco de sua trajetória de vida e política, bem como episódios vividos durante os anos de chumbo da ditadura. Como era de se esperar, em alguns momentos se emocionou e lembrou aqueles que estiveram com ele em vários momentos de sua luta por um país mais democrático.
Ao final de seu discurso, o homenageado fez algumas reivindicações. Ao vice-governador Jackson Barreto ele pediu que fosse criada a Comissão da Verdade de Sergipe. A este e também ao vice-prefeito presente solicitou que juntos, estado e município, possa revitalizar a Praça dos Expedicionários, uma homenagem há muito prestada àqueles que saíram do Brasil para a Itália, amando a liberdade e lá nos campos italianos morreram. "Mas os que voltaram trouxeram para nós a liberdade e a democracia para o Brasil e o mundo inteiro. É preciso que o Estado e prefeitura melhorem o monumento que lá está em homenagem aos expedicionários e ao lado construa um memorial de todos os sergipanos que deram a sua vida à luta pela liberdade e democracia", disse. E à deputada Ana Lúcia Marcélio solicitou que inclua em seu projeto que trata da devolução dos mandatos dos deputados cassados na ditadura os dois suplentes Antônio Oliveira e Nelson Souza.