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Governo turvo
Publicado em 10 de dezembro de 2021
Por Jornal Do Dia Se
O presidente Jair Bolsonaro pode tentar dourar a pílula, como fez ontem, ao apesentar os resultados obtidos no primeiro ano do Plano Anticorrupção do Governo Federal, em evento alusivo ao Dia Internacional contra a Corrupção. A verdade ao alcance de qualquer brasileiro bem informado, no entanto, não dá motivos para comemorações. Falta transparência e sobra leniência com maus feitos.
Os números apresentados em cerimônia cheia de pompa são francamente modestos. Do total de 153 ações previstas para serem entregues até 2025, 60 serão concluídas até o final de dezembro de 2021, o que representa 39% de execução segundo dados da Controladoria-Geral da União (CGU). Mas o desempenho pífio ainda é o de menos. Preocupante é o contexto geral. Matérias tão diversas quanto as rachadinhas na Assembléia Estadual do Rio de Janeiro, o orçamento secreto, ou o aumento exorbitante de gastos com o cartão corporativo alimentam as pulgas atrás das orelhas dos cidadãos. Isso, para não mencionar o escândalo envolvendo a compra da Covaxin, contra a covid-19.
O Índice de Percepção da Corrupção é o principal indicador de corrupção do mundo.
Produzido desde 1995 pela Transparência Internacional, o IPC avalia 180 países e territórios e os atribui notas em uma escala entre 0 (quando o país é percebido como altamente corrupto) e 100 (quando o país é percebido como muito íntegro). Com 38 pontos, Brasil permanece estagnado em patamar ruim.
A gestão de turno é a mais turva. Entretanto, como todo incompetente rematado, o presidente brasileiro se escora em um bode expiatório. Segundo ele, as acusações de corrupção que pesam sobre o clã presidencial, a relação venal no trato com o Congresso, as dificuldades fiscais, a perda de influência no cenário internacional, o desemprego e as mortes provocadas pelo coronavírus, tudo seria culpa da imprensa. Presidente eleito, em pleno exercício do cargo, sobre as suas costas não pesaria nenhuma responsabilidade.